A coexistência do antigo e do novo pode ser entendida como um emblema brasileiro. O moderno brasileiro não extingue o arcaico, mas alimenta-se dele; herança colonial, açoite contemporâneo – tudo desigual e combinado. Deste casamento, nascem e persistem as tradições culturais brasileiras em toda sua complexidade, entre elas o samba e a música caipira. O encontro das pesquisas de Juliana Amaral e do irmão, João Paulo Amaral, que buscam, de diferentes modos, entender essas tradições desde um prisma reflexivo, é o mote para o projeto AÇOITE. É também o nome álbum e show que os irmãos trazem para o Composição Ferroviária neste Domingo, dia 10, as 10h.
O trabalho recebeu várias críticas elogiosas e entre elas a do jornalista musical Mauro Ferreira que escreveu em sua revista virtual “Notas Musicais”: “Juliana Amaral levanta a voz em ‘Açoite’ para retratar um tempo de guerra. Por vezes, ‘Açoite’ soa até como um disco de tempos idos, remetendo às sombras das décadas de 1960 e 1970. Mas o tempo de guerra gira num instante e eis que chega a roda viva da vida, carregando ‘açoite’ e a viola para cá – para os sofridos dias de hoje”.
Das interpretações do duo, que oscilam entre o profundo vigor e a suave delicadeza, emergem releituras como no batuque caipira “Rio de Lágrimas” (Tião Carreiro, Piraci e Lourival Santos), a monumental “Matita Perê” (Tom Jobim e Paulo César Pinheiro), o samba “Vassalo do Samba” (Ataulfo Alves) e o ijexá “Um trem para as estrelas” (Gilberto Gil e Cazuza). Entre as inéditas, três canções são de Douglas Germano – “Cosme”, “Marcha do Homem Bala” e “Pra Rua”, letra oportuna que Douglas escreveu para Juliana Amaral musicar, inaugurando a parceria dos dois. Há ainda “Desvão”, música de Juliana para poema de Humberto Pio, e “Gases Puro”, canção de Lincoln Antonio.
O show de abertura, marca registrada do projeto Composição Ferroviária, que tem revelado e valorizado os diversos talentos regionais e que tem ganho o respeito e admiração do público, será feita pela intérprete Jesuane Salvador, acompanhada por músicos também locais. Seu repertório contempla da MPB ao Jazz.
O Composição Ferroviária, em sua 17ª edição, é uma iniciativa da Mecenaria Brasil e seus produtores (Wolf e Jucilene), tem o patrocínio da Codemig, do Governo de Minas e o apoio das Secretarias de Cultura e Turismo de Poços de Caldas, de empresas locais da iniciativa privada como Cristais Cá D’oro, Tenda do Habibi, Cuccina Francesco, Startoutdoor, e Poços de Caldas Convention & Visitors Bureau.
Fonte: Composição Ferroviária