
No dia 25 de novembro de 2025, foi realizado, na sede da Associação das Antigas Alunas da Providência, o 3.º Fórum “Lixo e Cidadania” de Itajubá. Estavam presentes autoridades, como a promotora de justiça Sumara Soares, o secretário municipal de Meio Ambiente e as secretárias municipais de Educação e de Bem-Estar Social, duas professoras do IRN-UNIFEI (sendo uma delas a redatora dessa matéria), representantes das associações ACARI (Associação de Catadores Autônomos de Reciclagem Itajubense) e ACIMAR (Associação de Catadores Itajubenses de Materiais Recicláveis), uma consultora ambiental do Lixo Zero, o radialista Octavio Scofano e os interessados no assunto: os catadores autônomos de Itajubá.
O objetivo do evento foi discutir melhores condições de trabalho e remuneração para os catadores autônomos. Como a prefeitura do município não oferece a passagem do caminhão de coleta seletiva de lixo para a comunidade, a coleta fica a cargo dos catadores autônomos.
O evento iniciou com a apresentação da importância do trabalho dos catadores, pela catadora Eliane Moura (Foto 1). Ela apresentou dados, como o de que cada morador de Itajubá produz entre 1 e 1,4 kg de lixo por dia, e relatou as dificuldades encontradas na coleta, já que a população não possui o hábito de separar materiais recicláveis de outros tipos de resíduo, incluindo aqueles que causam danos à saúde. Assim, sua fala foi um pedido de auxílio aos presentes para uma campanha de educação ambiental e conscientização da população sobre a importância de separar o lixo, a fim de evitar contaminação e lesões aos catadores. Também destacou que com isso, mais material pode ser coletado, já que muitas vezes os catadores ficam impossibilitados de mexer no lixo (moradores agem agressivamente com os catadores). Eliane afirmou que “lixo é dignidade”, já que o sustento de muitas famílias depende dessa atividade. Após sua exposição, perguntei se os catadores se organizam para fazer a coleta antes da passagem do caminhão convencional de lixo. Ela disse que sim. Portanto, junto aqui minhas palavras às dela para solicitar que a população faça a separação de recicláveis e não recicláveis, para que mais materiais possam voltar a ser utilizados em vez de descartados no lixão. Eliane também distribuiu o link com um vídeo que gravou com imagens do trabalho dos catadores (disponível em https://photos.app.goo.gl/vadYTuWUBinKGVvd9). No final dessa atividade, a promotora Sumara pediu à plateia que refletisse sobre o caos que se instalaria na cidade se os catadores parassem seus serviços por uma semana.

Foto 1. Eliane Moura palestrando.
Depois dessa atividade, os participantes foram convidados para uma roda de conversa, na qual vários tópicos foram discutidos (Foto 2). Por exemplo, a consultora ambiental Priscila falou das atividades realizadas pelos catadores em outros municípios, como São José dos Campos. Também abordou as boas práticas usadas no sul do Brasil com a implementação de composteiras públicas, pois metade dos resíduos que uma pessoa produz por dia é do tipo orgânico. Já Raquel (Foto 3), da CIMOS (Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais do Ministério Público de Minas Gerais), falou da importância da organização dos catadores em grupos de trabalho para a discussão mais aprofundada de estratégias que melhorem o desempenho do trabalho e formas de remuneração. Secretários da prefeitura mencionaram a falta de recursos para contratar a coleta seletiva no município. Com isso, fica evidente a importância dos catadores para Itajubá.
Geralmente, quando escrevo notas, sou impessoal; mas, desta vez, deixo aqui o meu apelo para que a população separe os seus resíduos, pois essa prática traz benefícios não só aos catadores como também ao meio ambiente, que é o nosso lar.

Foto 2. Roda de conversa.

Foto 3. Raquel da CIMOS fazendo suas contribuições.
Por Dra. Michelle Reboita/Conexão Ambiente