Desde criança venho procurando Deus.
Disseram-me que ele estava no céu. Fui procurar… Nas minhas brincadeiras, recordo de girar e girar, olhando para o céu, mas só conseguia ver um lindo azul e algumas nuvens, que se moviam enquanto eu girava. Disseram-me, também, que ele estava em todos os lugares — e fui procurar. Vi tanta coisa à minha volta — a natureza, o sol quente, a noite, as estrelas, pessoas, bichos, coisas… mas Deus não vi. Uma vez pensei tê-Lo encontrado quando, passeando de trem, pus a cabeça para fora da janela e, recebendo a brisa fresca e forte no rosto, vibrei internamente com tal alegria e liberdade que pensei: certamente, era Deus falando comigo!
Ah! E quando via o mar, sempre presente em minhas queridas férias — imenso, enigmático e poderoso —, acreditava que Deus estava lá! Adorava entrar no mar, mas só quando não havia ondas. Na verdade, tinha certo medo de Deus, talvez porque me tivessem dito que Ele via e punia todos os erros e pecados — e eu, que queria muito ser uma boa menina, não tinha certeza se realmente o era.
Cresci procurando por Deus. Queria ser uma pessoa melhor e intuía que, se O encontrasse, Ele diria-me como. Em muitos momentos, senti que precisava saber algo muito especial para “saberes”, sem nunca encontrar a sabedoria. Acreditava que Ele existia, mas seria eu capaz de O encontrar?
Passou muito tempo até que eu conseguisse encontrar o conhecimento que me guiaria a descobrir e a praticar a Ciência da vida, a Logosófica, caminhando para dentro de mim para ser a protagonista dessa vida interna — a que se vive dentro. Comprovei a existência de um mundo interno e descobri que, à medida que aumentava o conhecimento sobre mim mesma, conhecia parte da criação de Deus, que sou eu mesma. E, a partir daí, seguindo mais além, posso caminhar na direção de encontrar a Deus.
Mas, onde vive Deus?
Descobri que Ele está em todas as partes, no mundo físico e no mundo metafísico — no que vejo com meus olhos físicos e no que estou aprendendo a ver com os olhos do entendimento. Vive na alegria e no vento soprando no meu rosto; vive no olhar do semelhante. Está também presente no céu da minha mente e na parte mais pura do meu coração; no profundo do meu ser, onde reside o melhor de mim: a parte espiritual de minha natureza, que vai contribuir para que me aproxime mais e mais d’Ele.
Se eu ainda procuro Deus? Sim!! Aprendi que o conceito de Deus é tão imenso como o mar da minha infância — que penetrava no horizonte sem fim. E não há por que O temer, porque Seu amor está o tempo todo se expressando — mesmo na adversidade e nas lutas mais difíceis da vida, Ele oferece amorosamente a oportunidade para que aprendamos algo que nos capacite a acertar mais e a errar menos e, assim, tenhamos a chance de nos redimir dos erros cometidos. É preciso, porém, aprender a linguagem com que Ele se expressa para conosco.
Percebo que, ao adquirir o conhecimento transcendente, o logosófico, posso, aos poucos, transcender para além das tantas limitações da minha inteligência e da minha sensibilidade, e encontro parte das explicações que procurava, conseguindo, então, formar convicções importantes. Aprendi que é necessário examinar os conceitos antigos que carregamos — tenho revisto os de pensamento, sentimento, evolução, o conceito de homem e de universo, o de bem e de mal, dentre outros. Venho aprendendo a reconhecer a Sua Vontade, que se manifesta para nós, por exemplo, por meio das Leis que regem a vida de tudo o que existe no Universo. Conhecendo-as, posso colocar-me ao seu amparo, favorecendo o seu cumprimento, para meu bem e o de todos os demais. Não estou aqui, neste mundo, por acaso — existe um caminho de evolução consciente para seguir e, na sua trajetória, vou aproximando-me de Deus.
Para mim, hoje, não é mais uma questão de acreditar ou não. Esse caminho consciente já é uma realidade: já me sinto caminhando, a mente e o coração em superação. Não importa quão longo ele seja, porque cada passo leva-me a ficar mais próxima. Afinal, na vida que busca a evolução, tudo é sempre uma questão de tempo — não do tempo físico, mas do tempo permanente, o tempo de Deus.
Um pensamento de Angela Freitas