“Sou padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas. Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada!
Jamais gostei de ver a Cruz em tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas. Não quero ver a Cruz nas Câmaras Legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte. Não quero ver a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados. Não quero ver a Cruz em prontos-socorros e hospitais, onde pessoas pobres morrem sem atendimento.
É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa da desgraça dos pequenos e dos pobres.”
Foi uma resposta ao Ministério Público que, em 4 de agosto de 2009, ajuizou ação pedindo a retirada dos símbolos religiosos das repartições publicas. Eu não concordo em generalizar a opinião de que a maioria dos políticos é ruim e os profissionais de direito também. É preciso analisar cada caso para um melhor julgamento, porém, em se tratando da Cruz de Cristo, todo respeito ainda é pouco.
São Bento rezava uma oração que continua sendo repetida milhares de vezes a cada hora em todo o mundo: “A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão o meu guia. Retira-te Satanás, nunca me aconselhes coisas vãs. É mal o que tu me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno”.
E a medalha de São Bento onde está gravada esta famosa oração é considerada um sacramental, quer dizer, um sinal poderoso de fé. Acredito que o uso da medalha protege contra as artes do demônio e concede graças – como a vitória sobre os inimigos perigosos e a tentação.
Na frente da medalha aparece uma cruz e as letras CSPB – são abreviações da frase em latim: ‘Cruz Sancti Patris Benedicti’ ou ‘Cruz do Santo Pai Bento’. No alto da cruz está gravada a palavra PAX, ou Paz, que é o lema da Ordem de São Bento. A imagem do santo aparece no verso da medalha; ele segura na mão esquerda o livro da Regra que escreveu para os monges beneditinos. Na outra mão, ele segura a cruz. Ao redor da medalha, lê-se ‘Eius in Obitu nro Praesentia Muniamur’, que quer dizer: ‘Que São Bento nos conforte na hora da nossa morte’.
É representada também a imagem de um cálice do qual sai uma serpente e um corvo com um pedaço de pão no bico, lembrando as duas tentativas de envenenamento, das quais São Bento saiu milagrosamente ileso.
Com certeza, o santo seguia os ensinamentos de Jesus, que dizia a todos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia, tome a sua cruz e siga-me” – São Lucas, 9,23. E sabemos, as cruzes são diferentes nas costas de cada ser humano que vive: umas leves, outras muito pesadas, mas nenhuma que não possa ser carregada com fé.
Havia um homem que tanto se queixou de seu sofrimento que o Senhor lhe apareceu em sonho. Então, aproveitando a oportunidade, o queixoso indagou:
– Senhor, por que tenho que sofrer tanto?
Jesus respondeu:
– Você acha que sua cruz está pesada? Quer escolher outra?
– Sim, Senhor, eu gostaria!
Então, o homem foi levado ao lugar das cruzes. Ali havia um monte delas, de diversas variedades: cruzes de pedras preciosas, ouro, prata, tronco de árvores etc. E o homem viu uma cujo brilho se destacava das outras. Apontou-a e disse:
– Senhor, esta é a cruz que eu quero…
E Jesus, sorrindo, exclamou:
– Mas esta é a sua cruz! Por ser de ouro é muito brilhante, mas também muito pesada.
O homem finalmente compreendeu que sua cruz não lhe fora imposta por Deus, mas carregava a cruz que era fruto de sua própria escolha. Aceitou então aquela cruz para sempre, e ela já não lhe pesou tanto.
Pois é, muita gente escolhe uma cruz de ouro, não e mesmo? E muita gente, com o passar do tempo, serra sua cruz e a torna mais leve para suavizar a caminhada; porém, a parte que fica no caminho é o ‘serviço a Deus’ que, por ser pesado para alguns, reduzia a velocidade desenfreada em direção ao pecado. Terá valido a pena?
Nas procissões desta Semana Santa, se as cruzes imaginárias fossem materializadas, veríamos algumas grandes e pesadas sendo conduzidas por pessoas de almas iluminadas. Quanto maior a confiança na salvação, maior a força interior de alguém que almeja o Céu, sem se importar com o peso da cruz.
Enfim, a cruz é o instrumento de redenção do mundo. Sua representação desperta em nós os sentimentos de gratidão para com Deus, pelo benefício de nossa salvação. Passaram 500 anos após a morte de Jesus até os cristãos fabricarem a primeira cruz. Deixou de ser sinal de maldição e se tornou o maior símbolo do cristianismo.
Amigo, que a Cruz de Cristo não seja para ti apenas um amuleto, mas também a tua verdadeira luz!