Por que será que a espera, às vezes, é tão indesejável e, em muitas ocasiões, até sofrida?
Será que é porque queremos ter respostas prontas, resultados imediatos, esforço mínimo? Será que estamos tão acostumados ao imediatismo que não suportamos mais ter de aguardar uma resposta do WhatsApp, ou o término do comercial na TV, e ficamos impacientes ao aguardar na fila do supermercado e ter também de esperar o semáforo mudar para o verde?
Aonde queremos chegar com tanta pressa?
Tenho um filho de sete anos e, outro dia, estando em seu quarto, detive-me no álbum de fotografias de quando estava grávida dele. Estava ali, absorta em meus pensamentos, recordando de quantas sensações, quanta expectativa vivi naquele período. Foi uma espera programando cada detalhe para quando ele nascesse. A decoração do seu quarto, o bercinho, roupinhas de bebê, muitas fraldas… Também tive um cuidado especial com minha alimentação e fazia atividade física regularmente…e já cultivava um amor muito grande por aquele filho.
Percebi que foi uma espera muito especial, pensando em cada detalhe, para que, quando completasse o tempo necessário para seu nascimento, desfrutássemos de sua chegada.
Quantas experiências, desafios, alegrias, aprendizados nestes sete anos. A maternidade é realmente, uma linda oportunidade para cultivarmos sentimentos elevados e aprendermos em todos os aspectos, especialmente sobre nós mesmas.
Tenho aprendido com a Ciência Logosófica que precisamos ser exemplos do que ensinamos às crianças. Estou empenhada em aprender e passar para meu filho conceitos sólidos e valores que ele possa aplicar em toda a sua vida. Quero que ele aprenda a ser um homem de bem, que saiba pensar e que seja consciente de seu dever neste mundo.
É ou não um desafio? Certamente é a maior e melhor empreitada que podemos ter: a de preparar seres melhores para formar uma humanidade mais HUMANA. Mas para isso, preciso começar por mim, a aprender a ser melhor e poder ensiná-lo também a se aperfeiçoar.
No quintal da minha casa tem uma jabuticabeira e recordei que no seu plantio, sabia que precisaria esperar para colher jabuticabas. Foram muitos os cuidados com a nossa pequena árvore, favorecendo para que ela crescesse forte e saudável. Atualmente, em determinadas épocas do ano, já somos presenteados com sua fruta deliciosa.
Se a Criação nos mostra que temos de ser pacientes em diversos momentos da nossa vida, por que me vejo, muitas vezes, com pressa para ter resultados imediatos, especialmente na formação do caráter do meu filho? Por que a impaciência, a irritabilidade ao repetir ensinamentos a ele, se eu mesma, muitas vezes, sabendo o que é melhor a fazer em alguns aspectos da minha vida, continuo me equivocando?
Recordo da minha jabuticabeira e do álbum de fotografias de grávida e reflito que estou novamente em uma espera. Uma espera para aguardar que as sementes plantadas na criação e educação do meu filho, gerem frutos. E com certeza gerarão, pois estou convicta de que estão sendo plantadas sementes de ótima qualidade.
O autor da Logosofia tem um ensinamento que diz:
“Ao dizermos paciência inteligente, referimo-nos à paciência ativa. Não à que induz a esperar passivamente, mas sim à que, além de infundir serenidade, torna o homem compreensivo, permitindo-lhe pensar com utilidade e proveito, como também estar atento a suas necessidades e deveres durante todo o tempo, curto ou longo, abrangido pela espera.” Deficiêncas e Propensões do Ser Humano, p. 97§2
Uma espera ativa! Não preciso ficar impaciente, ter pressa ou acreditar que será fácil a formação de um ser. Preciso de conhecimentos, confiar em mim mesma, ser exemplo do que ensino, ter esforço, constância, muito afeto, muito amor! Certamente essa “árvore humana” dará lindos frutos.
Um pensamento de Carine Araújo Mendes
Servidora pública estadual, nasceu em Patos de Minas/MG, graduada em Turismo e Hotelaria. Estuda e é docente da Fundação Logosófica em Uberlândia desde 2013.