Quando pequena, perguntava-me sobre o que significava ser feliz. Morava em uma pequena cidade e sempre imaginava que a felicidade viria quando me mudasse de cidade. Quando finalmente isso aconteceu, a perspectiva de alcançar a felicidade também mudou. Acreditava que a felicidade viria ao formar-me, ao conseguir um bom emprego, ao constituir uma família, mas, a cada conquista, novos objetivos surgiam e um vazio persistia, afastando-me ainda mais da felicidade.
Comparava-me com pessoas bem-sucedidas da mesma idade, e repetidas vezes estabelecia objetivos inatingíveis, sem considerar minhas aptidões e realidade.
Foi somente na fase adulta, quando comecei a estudar a Ciência Logosófica, que aprendi a olhar-me com mais amor, a ver-me como um ser único e cheio de valores. Compreendi que, antes de tudo, precisava conhecer a mim mesma. Ao observar-me, percebi que, apesar de ser alegre e sorridente, ainda não conseguia comprovar o que era a verdadeira felicidade em minha vida.
O autor da Logosofia ensina que “a felicidade é algo que a vida nos outorga por meio de pequenas porções de bem”. Mas o que seriam essas pequenas porções de bem na minha vida senão os bons momentos vividos, as horas de alegria e de superação?
Como fazer para que os bons momentos do meu dia, minhas pequenas porções de bem, não se apagassem da memória?
Observei uma dificuldade em identificar minhas conquistas e avanços, uma verdadeira dificuldade de ficar feliz diante das minhas realizações. Questionava-me porque me sentia assim e o que estaria faltando.
No início, tentei convencer-me de que esse sentimento era o que me impulsionava para conquistar mais, que me proporcionava energia para não me acomodar. Porém, com a Logosofia, aprendi um novo conceito: o conceito de gratidão, que me abriu novos horizontes.
Com a gratidão, aprendi que os bons momentos vividos poderiam ficar retidos em minha memória, para que eu pudesse recordá-los sempre que quisesse. Quando as recordações permanecem frescas, eu sinto a felicidade que vem de dentro. Recordar com gratidão um bem realizado, a superação de uma dificuldade ou de uma deficiência psicológica que tanto atrapalhou a minha vida são pequenas porções de bem que jamais se irão apagar, porque permanecerão na minha existência.
Aos poucos, pude perceber que minha vida é uma dádiva divina e passei a ser grata por todos os instantes que contribuem para a formação consciente da minha individualidade, através dos conhecimentos que venho adquirindo sobre mim mesma. Olhar para dentro possibilita não me comparar com o outro e não colocar minha felicidade nas conquistas externas e efêmeras. Em vez disso, posso cultivar o que é grandioso, o que é eterno, o que não acaba nunca. Isso é sentir a verdadeira felicidade, por meio do conhecimento e da superação de mim mesma em todos os aspectos. Assim, posso ser grata pelos avanços realizados diariamente e fazer tudo na minha medida, sem comparações e interferências externas.
Hoje me sinto mais realizada. Consigo sentir felicidade mesmo com a casa por organizar e com alguns brinquedos espalhados, mas com a recordação do momento feliz que vivi com minhas filhas. Sinto felicidade no aroma do café em uma manhã que supero a preguiça e levanto-me mais cedo, sendo grata pela vida que Deus me deu e pela possibilidade de ser cada dia melhor.
Um pensamento de Suene Rocha
Suene Rocha, mineira, mãe de duas meninas, estudante e docente de Logosofia em Curitiba desde de 2017