A Constituição garante a todos liberdade de locomoção, de opinião, de comunicação, de associação, de expressão, entre outras. Portanto, eu sou um cidadão livre, você é livre, nós somos livres.
Mas será que somos mesmo livres?
Compreendo que existem duas classes ou categorias de liberdade: as liberdades representadas pelo que a Constituição nos garante e a liberdade interna, de foro íntimo, resultante do conhecimento e domínio que vamos adquirindo de um verdadeiro mundo que existe dentro de nós, revelado pela Logosofia. Um mundo cuja porta se abre com a chave do conhecimento — um conhecimento distinto daquele constante nos currículos acadêmicos.
Como garantir que sou livre, se dentro de mim existem alguns fatores que não conheço nem domino, mas que determinam condutas e comportamentos dos quais depois me arrependo? Quantas vezes —
movido pela irritabilidade ou impaciência —, com uma palavra, um gesto, uma atitude, ofendo alguém do meu círculo afetivo, e depois vem o arrependimento! Naquele momento fui livre ou fui escravo de fatores que preciso conhecer e que determinam meu comportamento?
Uma pessoa tímida é livre? Claro que não! A timidez aprisiona o indivíduo e o torna escravo de uma deficiência caracterológica que imprime em sua vida limitações de vários aspectos. O vaidoso é livre? Também não, porque é, na verdade, escravo de um pensamento que o torna pouco simpático diante dos demais, além de levá-lo — até a obsessão — à necessidade de ostentar e mostrar-se sempre superior aos demais.
O fanático é livre? Sem dúvida que não! A própria condição de fanático já implica em estar atrelado a uma corrente que o aprisiona e o envolve nas teias do seu fanatismo, seja de natureza religiosa ou ideológica. A realidade que atravessamos, notadamente no campo político, evidencia tal escravidão. Como uma pessoa fanática pode pensar por conta própria? E o que dizer dos “livres pensadores” que se limitam a repetir ideias alheias, como se fossem suas?
Em seu livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, afirma González Pecotche, autor da Logosofia: “Ninguém pode afirmar que domina conscientemente o campo de sua própria psicologia, se não enfrentou antes, com êxito, as falhas caracterológicas que o angustiam.”
Se não me conheço internamente, como ser livre então?
O mundo interno abriga nossos pensamentos — positivos ou negativos —, nossas emoções, nossos sentimentos, nossos projetos não revelados e as causas do nosso comportamento. É um mundo pouco conhecido. A liberdade decorre, portanto, do conhecimento e domínio desse mundo.
Um pensamento de Francisco Liberato Póvoa