Durante a realização do processo de evolução para me conhecer, deparei com algo que é muito comum acontecer que são as mudanças involuntárias que ocorrem conosco durante o dia.
Há dias em que acordo alegre e incrivelmente bem-disposto para enfrentar qualquer adversidade, enquanto que, em outros, não estou tão bem assim, não estou com a mesma disposição e até prefiro ficar no meu canto, sossegado.
Alguns movimentos que faço, muitos deles despretensiosos, fazem aparecer, novamente, as inesperadas e involuntárias oscilações sem nenhum controle, tornando-me susceptível e reacionário a todas as contrariedades reais e imaginárias que são as que predominam e as que mais me dão trabalho para eliminar devido à área em que se situam.
Alguém faz uma crítica sobre um assunto qualquer e eu imagino que foi algo contra mim. Desculpem-me por generalizar, mas penso que essa situação é algo que acontece com muitos seres e tenho ouvido de muitos que viveram ou estão vivendo situações semelhantes.
Meu temperamento é susceptível como o da maioria dos seres e reage através de ações descontroladas que, em quase todas as vezes, ocorrem provocadas por uma palavra, um gesto ou por ações contrárias à vontade de algum pensamento que tenho em minha mente.
Essas oscilações poderiam ser causadas, também, pelo excesso de zelo que tenho por quem as provoca ou por eu estar muito vinculado ao outro ser pelo afeto ou espiritualmente. São reações involuntárias que ocorrem por qualquer argumento contrário à razão que eu já tenha formado.
É muito comum ficarmos impacientes, nervosos, ansiosos quando temos que esperar por uma resposta sobre algo que expusemos. Sabemos de antemão que provavelmente reagiremos a qualquer resposta que nos for desfavorável, mas, mesmo sabendo disso, acabamos reagindo mal.
O fato é que o temperamento humano é irascível por natureza. Um exemplo disso é quando estou dirigindo meu carro e me irrito porque o veículo que vai à frente anda pelo meio da rua não me dando passagem. Mas, naquele momento de irritação, esqueço que eu também faço isso, irritando quem vem atrás de mim. Ocorre, com frequência também, aquele momento em que estou com muita pressa e o carro da frente anda devagar, impedindo que eu o ultrapasse. Neste caso, também, me esqueço que faço o mesmo quando não estou com pressa e que estou incomodando quem vem atrás.
Os seres humanos não são iguais, portanto, em uns as variações temperamentais são brandas e em outros são mais intensas, o que faz com que eu relacione essas oscilações com o meu estado interno, principalmente, quando pensamentos deficiências, como os de impaciência e de intolerância, entram na minha mente provocando fortes oscilações, ou quando eu não penso, quando me deixo levar pela inércia mental adormecendo todo o poder de iniciativa da minha mente.
Tenho me prevenido muito contra essas correntes que agitam o meu temperamento e voltado a minha atenção para o meu processo de evolução consciente. O que me faz pensar e sentir de outra maneira, tranquilizar a minha mente e suavizar o meu coração. Isso me coloca frente à lei de evolução que rege o meu aperfeiçoamento, frente à lei de adaptação que amplia minha visão, para enxergar o valor de cada nova ideia, e frente à lei de herança que me mostra, com movimentos suaves, como estou aumentando o meu acervo de conhecimentos superiores.
Tenho feito alguns testes para medir como está a minha paciência em momentos de espera e a minha disciplina para ver se estou sendo obediente, realizando um processo de superação como um ser racional, consciente e espiritual. Controlo meu nervosismo através do contato com um ensinamento logosófico que, com sua lógica, me enche de estímulos, acalma todo o meu sistema nervoso e me deixa muito feliz.
As leis não são infringidas impunemente, e muito menos as estabelecidas por Quem criou o Universo. E, se o ser humano foi dotado de uma inteligência e de um coração para experimentar as sensações e as reações de seu temperamento e de seu espírito, é porque Quem o criou instituiu, implicitamente, a unidade humana, o homem. Coletânea da Revista Logosofia – Tomo III, p. 261, §4
Um pensamento de Sydnei Rocha