… Para Nuredin , o tempo não contava mais, ele tinha que correr, seus cavalos já estavam no limite e lamentavelmente eles ainda estavam muito longe do destino final.Faltavam 42 léguas de areia escaldante, não podiam parar pois a fortaleza da montanha azul, local nos campos de altitude onde eram criados seus excelentes cavalos de guerra corria perigo sob a ameaça das hordas dos bárbaros do ocidente.Ele tinha que chegar rápido, possuía apenas dois dias. Deixara sua infantaria para traz e se adiantou com a cavalaria para dar os primeiros combates e ganhar tempo até a chegada do general Mohamed com a infantaria e artilharia. No final da jornada, somente um terço dos cavalos ainda estavam em pé, o restante pereceu mais suas perdas foram compensadas com a derrota do inimigo. Somente com uma cavalaria reduzida, Nuredim atacou os bábaros que apesar da grande infantaria , tinham uma cavalaria pequena e pesada e não foi páreo para seus cavaleiros treinados e seus cavalos velozes e corajosos.O próprio Nuredim perdeu um e seus mais valorosos cavalos na jornada, um potro de raça pura do deserto, descendentes dos grandes cavalos trazido pelos Mongóis da Tracia a 300 anos. Único filho macho do grande Azahira, o espírito do vento, o cavalo mais veloz que já existiu .Foi uma grande perda . De nome Hamistad, o potro não suportou a secura e o desgaste da longa e veloz jornada porque ainda era um jóvem cavalo e Nuredim não tinha outra alternativa e foi forçado a seguir com ele para a salvação da fortaleza das Montanhas Azuis.. Com a morte de Hamistad a linhagem de sangue quase fora perdida . Só não o fora porque Nuredim ainda preservava as filhas do grande Azahira entre as quais uma delas criava um filho do grande Timor, as azas de Alá…
Esta história é inventada por mim , mais se observarmos bem veremos que todas as histórias antigas que narram as sagas das grandes civilizações tem este enredo. Falam de grandes homens, grandes cavalos e grandes batalhas. O amor e a dedicação aos cavalos é o foco principal, realmente eles faziam parte das famílias que os criavam que eram nobres e projetavam sua realeza nos cavalos como alias, como na história, muitas das batalhas antigas eram travadas para roubar cavalos de alta linhagem. Estes nobres defendiam seus cavalos com a própria vida pois dependiam deles para formar o elemento de guerra e conquistas imbatível, o centauro. Daí a explicação para o lamento quando perdiam um cavalo, sentiam como se estivessem perdendo parte de si mesmos, a força e a velocidade que lhes eram oferecidas .
Há pouco tempo, um amigo perdeu seu cavalo, ele foi acometido de uma violenta cólica e não suportou. Seu dono fez tudo que podia por ele. Gastou com medicamentos e veterinário, com isto o cavalo sobreviveu por uma semana e quando ele morreu dava para sentir o pesar nas pessoas que conviveram com este episódio principalmente seu jovem dono que lamentava não poder monta-lo no desfile de cavaleiros deste ano. O sentimento em relação aos cavalos é muito forte até hoje Os tempos mudam e este sentimento permanece. Quem tem cavalo pode dizer o quanto se dedicam a eles, mesmo não sendo raro encontrar muita gente que ainda os maltratam. Agora estamos na época das cavalgadas, dos desfiles e exposições e é bom ver as pessoas preparando seus cavalos para exibi-los, sinal claro da memória preservada dos tempos de cavalaria, quando os reis faziam a convocação e reunião dos cavaleiros para as grandes batalhas e tristes ficavam aqueles que não podiam responder a convocação do rei porque não tinham ou perderam seus cavalos.
O que realmente nos alegra e perceber que os cavalos ficam contentes quando sentem que estamos contentes com eles e devemos acreditar que viveram não talvez para sempre mais pelo menos por um bom tempo, talvez uns 30 anos.