Para muitas pessoas, vivemos uma época difícil. As razões apresentadas são as mais diversas possíveis e cada um tem a sua preferência ao listar as causas para uma contemporaneidade complicada: os políticos, a miséria, a fome, os criminosos, uma ideologia e assim segue a lista.
Mas o que todas essas causas têm em comum? Todas são males da humanidade, mas ao mesmo tempo, todas parecem ser problemas externos, que não me pertencem. Para melhor ilustrar isto, usarei o exemplo da política.
Tal campo é extremamente propício para discussões e diálogos fervorosos, que acabam tendendo para o mesmo lado: defender veementemente algum ponto de vista. Posso reclamar daquele que foi eleito ou daquele que não foi. Posso reclamar daquele que fez e daquele que não fez. Posso reclamar de inúmeros aspectos, mas é normal ver a culpa naquele que está longe de mim: o político.
Porém, a política é só isso? Só se trata de alguém que foi eleito para um cargo público? Posso achar que sim, se não me coloco ativamente perante esta esfera. Por outro lado, posso achar que não, se me proponho a pensar de forma mais ampla.
Tenho me perguntado: o que eu faço para que a política seja melhor? O que eu faço para o político ser melhor? Na maioria das vezes não tenho uma postura ativa, voltada para dentro de mim com relação aqueles males que a humanidade vive. Fico pensando que a causa de muitos dos problemas é externa a mim, mas prestando um pouco mais de atenção, verifico, no meu dia-a-dia, que não é bem assim.
Na política, muitas vezes fui influenciado por uma corrente de ideias que me fez defendê-la sem pensar sobre o que estava reproduzindo. Tinha me tornado mais um joguete de alguma ideologia. Ao constatar isso, veio primeiro o choque por estar sendo levado, inconscientemente, para algo que eu não queria. Assim, tentei atuar de uma forma diferente e me questionei o que eu sabia de fato sobre política.
Percebi que tinha que ter mais conhecimentos sobre o tema, para poder ter um melhor discernimento sobre tudo que envolvesse o assunto, e não deixar ser levado pelas diversas correntes de pensamentos da política.
Ao mesmo tempo, com o conhecimento, consegui enxergar com um pouco mais de nitidez quais eram os pensamentos que estavam por trás dos discursos políticos e de suas ideologias e, dessa forma, fiz uma seleção sobre o que era útil e sobre o que não era interessante para mim.
Percebo que, ao adquirir mais conhecimento sobre o tema, fico com uma nova postura frente a ele. Consigo ser menos influenciado e ter uma opinião mais verdadeira, mais livre e própria.
Penso que com todo o mal que a humanidade vive, eu posso ter a mesma postura: a de voltar para dentro, a de buscar conhecimento para tentar compreender qual é a minha contribuição para que esse mal não permaneça do jeito que está e, principalmente, qual é a contribuição que posso ter para poder fazer a diferença, sabendo que preciso ter valentia para ter convicção da minha atuação frente a tantas dificuldades do mundo.
Dessa forma, sou fiel a minha própria razão e aos meus próprios pensamentos, sabendo que a mudança sempre começa por mim mesmo.
Um pensamento de Bernardo Supranzetti Moraes