Por Prof. Paulo Roberto Labegalini
Um homem, quando nasceu, recebeu uma cesta de pétalas de rosas e um punhado de espinhos. Caminhando pela vida, de vez em quando ele jogava umas pétalas aqui, outras ali e, muitas e muitas vezes, jogava espinhos. Quando ficou velho, a cesta estava praticamente cheia de rosas e quase não havia mais espinhos. Então, ele falou em voz alta: ‘Jesus, já terminei a minha missão. O que faço agora?’ E Deus lhe respondeu: ‘Agora, meu filho, volte descalço pelo mesmo caminho que você andou.’
Pois é, quem encara esta história apenas como ficção e acha impossível que isso aconteça consigo um dia, precisa começar a espalhar muito amor pela vida e ser solidário com o seu semelhante, senão, certamente sentirá mais tarde a dor dos espinhos nos pés.
E falando em ‘andanças pela vida’, há algum tempo li um livro que comparava a nossa vida com uma viagem de trem. Dizia que, quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre na viagem conosco: nossos queridos pais. Infelizmente, isso não é verdade. Em alguma estação, eles descerão e nos deixarão órfãos de carinho, amizade e companhia insubstituível; mas, durante a viagem, pessoas que virão a ser muito especiais para nós, também embarcarão.
Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos; muitas pessoas tomam esse trem apenas a passeio, outros encontram nessa viagem somente tristezas, ainda outros circularão pelo trem prontos a ajudar a quem precisa; muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
A viagem é cheia de atropelos, sonhos, esperas, despedidas, porém, jamais retornos. É preciso, então, fazer esse ‘passeio’ da melhor maneira possível, tentando se relacionar bem com todos os passageiros, procurando o que tiverem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e precisaremos entender isso – porque nós também fraquejaremos e, com certeza, haverá alguém que nos compreenderá.
O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos aquele que está sentado ao nosso lado! Eu fico pensando se, quando descer desse trem, sentirei saudades… Acredito que será difícil separar-me de alguns amigos que fiz na viagem, deixar meus filhos continuarem pelos trilhos sozinhos, mas me agarro na esperança de que, em algum momento, estarei na Estação Principal e sentirei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram. E o que vai me deixar feliz será pensar que eu colaborei na salvação de cada um deles.
São sonhos que podem tornar-se realidade, não? Aos que são ‘movidos pela fé’, tudo é possível durante a viagem pela vida, concorda? Basta priorizarmos as coisas mais importantes e não perdermos a esperança.
Estou lembrando agora que, há mais de 15 anos, na colação de grau de minha filha, em Campinas, o paraninfo quis surpreender a turma durante a sua fala. Tirou debaixo da mesa um balde grande, colocou-o ao lado de uma pilha de pedras no palco, começou a jogá-las no balde e perguntou aos formandos: ‘Está cheio?’ Todos disseram que sim.
Em seguida, ele tirou debaixo da mesa um saco menor com pedrinhas e também as colocou dentro do balde. Agitando devagar, as pedrinhas penetraram pelos espaços encontrados entre as pedras maiores. O professor sorriu com ironia e repetiu: ‘Está cheio?’ Dessa vez, a turma respondeu meio tímida: ‘Está!’
Pegando agora um saco com areia, ele começou a despejá-la no balde. A areia infiltrava-se nos pequenos buracos deixados pelas pedras e pedrinhas. ‘Está cheio?’ – perguntou de novo. ‘Não!’ – exclamaram. Pegou, então, um jarro e começou a jogar água dentro do balde – que a recebia sem transbordar. Assim, ele deu por encerrada a apresentação e disse: ‘O que esta lição nos ensina é que, se não colocamos as pedras grandes primeiro, nunca seremos capazes de colocá-las depois’.
E quais são as grandes pedras – prioridades – em nossas vidas? São os nossos filhos e netos e a pessoa amada, ou os amigos, ou os nossos sonhos, ou a nossa saúde e o trabalho, ou as missões que Deus nos deu? Acerte na resposta e verá que o resto é resto… e encontrará por si o seu lugar.
Para encerrar por hoje, respondo a algumas pessoas me perguntaram mais detalhes sobre o grande sinal de Deus na cura de meu filho, em março de 2000.
Resumindo, quando vi a sua perna toda inchada, fui com ele para Campinas e, como já suspeitávamos, o diagnóstico foi trombose venosa profunda com provável causa hereditária – eu já tive duas iguais a essa.
O grande sinal da cura que viria recebemos ao entrarmos no Hospital Vera Cruz. Saindo do elevador, encontramos uma irmã de caridade que havia levado Jesus Sacramentado aos doentes e, ao nos ver chegar, perguntou se desejávamos comungar. Foi o único momento de emoção que passei no hospital: ver o próprio Deus e Senhor nosso nos esperando e se oferecendo para nos purificar!
A partir daquele momento, todos os dias a irmã nos trazia Jesus no quarto – graça que não teríamos alcançado se não estivéssemos ‘presos’ ali. Ele, o Todo-Poderoso, foi o único a visitar diariamente o Alexandre nos dez dias que ficou internado – isso, talvez, por ele ser um coroinha tão dedicado à Comunidade Nossa Senhora da Agonia, na época. Ou será que foi ‘simplesmente’ porque todos nós somos iguais aos olhos do Pai? A resposta, encontraremos viajando com fé pela vida.