Primeiro passo na Ponte:eu reconhecer o mal que o pecado causa no mundo – pessoal, ao irmão e à sociedade. Mal pessoal porque quando o pecado é grave ou se acumula em grande número no coração, corro o risco de me afastar definitivamente de Deus. Também causar um grande mal ao irmão é fácil de entender porque ninguém peca sozinho, tipo: vícios, adultérios etc. E o pecado social é consequência de o mal se espalhar com agilidade, contagiando muita gente. Na verdade, o pecado começa na mente – na intenção de cometê-lo ou na omissão de fazer o bem – e muitos passam a imitar quem o pratica.
Segundo passo:reconhecer que sou egoísta e covarde quando persevero no pecado. Egoísta porque me coloco em primeiro lugar nos prazeres da vida, invertendo os papéis de criatura e Criador. Rasgo o plano que Deus tem para mim e coloco em prática o meu plano, contra tudo e contra todos. E sou covarde porque me escondo atrás da mentira. Nenhum pecador admite tornar público todos os seus pecados.
Terceiro passo:reconhecer minha falta de amor ao irmão. Se me deixasse ser amado por Deus e, consequentemente, amasse meus irmãos, até com certa tranquilidade me afastaria das tentações. Este é o terceiro reconhecimento importante para o meu sincero arrependimento.
Quarto passo:é o passo do desejo de me aproximar do Senhor, isto é, ter uma vida nova e caminhar com dignidade cristã. Nesse passo tão importante, eu posso voltar e descer da Ponte, mas decido prosseguir.
Quinto passo:é o passo da aceitação do Plano de Deus em minha vida. Para isso, preciso estar consciente: do amor imenso que o Pai me criou, do imenso amor que Jesus me remiu com seu preciosíssimo sangue, e do infinito amor que o Espírito Santo tem por mim ao ficar à minha disposição 24 horas por dia – me ajudando e abençoando.
Sexto passo:este se chama ‘oração’. Só conseguirei perseverar nos caminhos santos se rezar muito. Posso recitar o terço, estar em adoração ao Santíssimo, ler a Palavra de Deus, fazer novenas aos santos protetores etc. E se eu abrir a Bíblia verei, por exemplo, o salmo 50 (51), onde o Rei Davi pede perdão a Deus por dois pecados gravíssimos que cometeu: adultério com Bersabéia e homicídio do seu esposo Urias. Nem por isso deixou de ganhar o Paraíso.
Sétimo passo:faltando apenas este para eu ficar em estado de graça, decido dar o passo do perdão, partindo para um encontro pessoal com Cristo. Eu dirijo a Ele a oração da humildade: ‘Jesus, fazei meu coração manso e humilde semelhante ao Vosso’. E, ao me confessar dos pecados cometidos, poderia ouvir Dele algo assim: ‘Filho, eu não gosto do pecado, mas amo o pecador’.
Igual a tanta gente que Ele perdoou no mundo, me concede sua misericórdia e me entrega o passaporte para a graça, com a condição de cumprir minha missão na construção do Reino. Então, com o coração limpo, início outra caminhada na vida, sabendo que tenho liberdade para errar, mas prefiro continuar carregando a alegria da fé católica no coração.
A partir daí, o Espírito Santo não irá me forçar a fugir do pecado, porém, sempre posso contar com Sua proteção se trilhar bons caminhos. Também acredito que Ele me afaste dos sete pecados capitais: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba. O Espírito generoso de Deus abraça quem segue pela Ponte da Misericórdia e impele o ser humano à vida na graça. E quem acredita nisto não se desespera, pois cresce em humildade e esperança, emanando muito mais amor ao próximo.
E depois de tanto falar sobre pecado e graça, duas coisas ainda precisam ficar bem claras:
1. O maior obstáculo à paz no mundo é o coração do próprio homem.
2. Só vai à confissão sacramental aquele que quer, por arrependimento.
Consciente disto, quem concorda que a purificação da alma o torna reto de coração e, ainda, pedindo perdão a Deus se pede também à comunidade que o cerca, uma sincera súplica de misericórdia é sempre oportuna.
Acho que eu já disse o suficiente em dois artigos. Ficar fazendo sermão pouco adianta se não houver discernimento cristão e desejo de conversão por parte do leitor. E por falar em discernimento, até para descontrair neste assunto meio pesado, vou encerrar com uma piadinha.
Dois amigos se encontram depois de muito tempo:
– Olá, Osvaldo, soube que você se casou! – comenta o primeiro.
– Sim, e já tenho duas filhas: Coristina e Novalgina. E você, tem filhos?
– Tenho uma filha; chama-se Maria.
– Maria? Mas isso é nome de bolacha!