Desde o dia 08 desse mês, não se fala de outra coisa que não seja a morte da Rainha Elizabeh II e da subida ao trono do Príncipe Charles, seu filho mais velho, que se chamará Rei Charles III.
Figura ímpar, a Rainha Elizabeth.
Enquanto o mundo se retorce em mudanças, muitas delas drásticas, às vezes cruéis, ela se distingue pela imutabilidade. Nada muda no seio do reinado mais midiático do mundo.
Quanto deve ter custado à menina Elizabeth, surpreendida como seu pai pelo fantasma da Coroa, a chegada da imensa responsabilidade de se tornar Rainha sem que o desejassem ambos, pai e filha?
O Império Britânico é responsável por opressão, guerras coloniais, pobreza e submissão absoluta de países menos afortunados, é verdade. Mas o mundo todo era assim, a truculência era a regra, a diplomacia se fazia com canhões, a política era a do mais forte. Nisso, a Inglaterra não foi exceção, e reeditou o Império Romano.
Verdade que os ares hoje tendem ao diálogo e à convivência pacífica. Desde a Revolução Francesa o mundo aspirou à liberdade, à igualdade e à fraternidade, e vem a duras penas tentando viver o que é considerado o lema da modernidade e da alteridade.
Muito se tem tentado, e muito falta ainda para que se consolide o sonho.
Mas Elizabeth cumpriu magistralmente o papel de “firme na tempestade”.
Quantos desafios enfrentou durante os longos 70 anos em que dirigiu simbolicamente o seu pequeno pedaço de terra, estendido pelo mundo afora?
Dois dos seus filhos protagonizam escândalos sexuais, uma menina ingênua adorada pelo povo é vítima de um deles, um neto repudia os valores tradicionais, tudo roda à sua volta e ela permanece firme, impessoal e rígida no cumprimento do papel que lhe coube.
A todo custo, a tradição se sustenta com ela, e por quase um século.
Pobre mulher-Rainha!
Que descanse em paz da dura vida que teve.