A ideologia política, em suas várias vertentes, influencia diretamente a maneira como uma sociedade enxerga e pratica valores morais e éticos. Esses valores, como respeito, solidariedade, honestidade e justiça, são fundamentais para o bem-estar social e o desenvolvimento saudável de qualquer comunidade. No entanto, à medida que ideologias políticas se intensificam, muitas vezes observamos uma polarização de conceitos éticos e morais, que passam a ser vistos de maneira binária e, por vezes, manipulada para atender interesses partidários. Isso pode comprometer o papel original dos valores, que deveriam servir para unir, em vez de dividir.
Na sociedade contemporânea, debates ideológicos afetam não apenas a política pública, mas também a educação, que é o principal meio de transmissão de valores morais e éticos para as gerações mais jovens. Quando políticas públicas priorizam uma ideologia específica, o ensino pode se tornar um reflexo dessa visão, direcionando ou limitando a abordagem de temas essenciais de ética e cidadania. Em muitos casos, o sistema educacional é acusado de estar comprometido em promover uma determinada visão de mundo, enfraquecendo o desenvolvimento de um senso crítico autônomo nos alunos. Em vez de incentivar a reflexão sobre valores universais, a educação acaba, por vezes, transmitindo visões polarizadas e parciais.
Esse fenômeno evidencia uma falha significativa na educação: a de não preparar adequadamente os estudantes para um entendimento pleno dos valores morais e éticos, independente de ideologias. Ao invés de um ambiente que promova o diálogo e o pensamento crítico, observa-se uma tendência em limitar o debate a narrativas alinhadas a determinadas ideologias. Essa limitação pode fazer com que os jovens se tornem menos capazes de analisar e questionar informações com autonomia, o que enfraquece a capacidade de tomar decisões éticas fundamentadas. A ausência de uma educação ética robusta e neutra torna mais fácil que valores morais sejam moldados e utilizados para justificar interesses de grupos específicos.
Além disso, o conflito ideológico na educação pode tornar os valores éticos e morais mais vulneráveis a interpretações radicais. Muitas vezes, temas de ética, justiça social e moralidade são deturpados para justificar ações extremas, sejam elas à direita ou à esquerda. Esse fenômeno tem um impacto direto na forma como as gerações mais jovens veem a moralidade, e muitos acabam internalizando uma visão parcial que os distancia da realidade de que esses valores deveriam transcender ideologias políticas. A educação, nesse sentido, falha ao não se posicionar como um espaço neutro para a formação de cidadãos críticos e conscientes.
Para reverter esse quadro, é fundamental que a educação resgate a sua função original de promover valores morais e éticos universais, que se apliquem a todos, independentemente da orientação política. Ao invés de endossar uma visão ou ideologia específica, é preciso que o sistema educacional incentive o desenvolvimento de pensamento crítico, reflexão e entendimento ético. Apenas assim será possível formar indivíduos capazes de compreender o valor dos princípios éticos e morais, e que saibam utilizá-los para construir uma sociedade mais justa, respeitosa e unida, superando barreiras ideológicas em prol do bem comum.
Um pensamento de Guilherme Pereira Torres