No dia 12 de julho de 2009, Marco e eu chegávamos a Itajubá. Uma das construtoras da nossa vinda, todos sabem, foi a Dra. Christina Grieger, àquela época Vice-Diretora da Faculdade de Medicina.
Resolvêramos morar num flat por algum tempo, até conhecer bem a cidade e então escolher onde morar definitivamente.
Quando abrimos a porta do flat, num domingo à tarde, uma linda planta bem em frente à entrada nos dava as boas vindas…
Assim era a Chris…
Quando ela morreu o Itajubá Notícias publicou um texto meu sobre ela. Vou transcrevê-lo outra vez:
“Há mulheres que são lindas, há outras que nos dão inveja pela sensualidade, outras ainda nos ameaçam porque são capazes de manter os homens (os nossos também) cativos apenas com o olhar, um tanto lânguido, um tanto dominador.
Mas outras há que parecem não precisar dos artifícios do Feminino, antigos como a Vida!
Estas mulheres são doces como um gatinho enroscado no colo, suaves como a brisa na pele, meigas como o filho da gente mamando no seio…
Mas são fortes como o vento das tempestades, são duras como o chicote que açoita a preguiça, são certeiras no atingir a meta quando a meta é o certo a se alcançar…
Eu conheci uma mulher assim, e sinto saudades dela a cada volteio do pensamento, quando ele se torna fugidio. Sinto a tristeza morna, macia e incrédula da perda que não teve preparo e nem aviso.
Sinto a vontade dolente e insatisfeita de rir junto, de comprar coisas de que não preciso, de tomar chope preto, de ficar séria e de conversar muito sobre o que é preciso, necessário ou angustiante…
Eu conheci uma mulher assim, e ela era médica e foi patologista.
Que curioso! Lidou com a morte a vida toda e talvez por isto mesmo tenha sido a artista que foi: tirava da sucata as formas vivas, poderosas e humanas que vagavam pela sua alma.
Venceu por duas vezes a roleta que a sorteara para a viagem na qual não se leva nada mais do que o coração; ainda precisavam dela por aqui…
E agora, quando concordou que poderia ir, ainda teve a delicadeza de esperar que todos compreendêssemos que a sua ausência nas nossas vidas era inexorável, que os filhos voltassem às suas casas, que um novo ano se iniciasse com o chamado de renovação que um ano novo sempre trás.
Mas ela não contava com uma coisa: a Natureza, que ela tanto amava, não suportou a ausência dela.
Chovia de mansinho quando ela se foi…”
Minha querida Chris: bata as asas aí em cima e fertilize a terra em que você ajudou a plantar a semente dos Cuidados Paliativos, em Itajubá!
Reze por nós…
Graça Mota Figueiredo: Professora Adjunta de Tanatologia e Cuidados Paliativos da Faculdade de Medicina de Itajubá – MG