É cada dia mais assustador, prá mim, o ambiente de ódio e intolerância que se espalha, por exemplo, pelas redes sociais.
Esse modo de comunicação, ágil e universal, que tanto bem poderia estar fazendo às pessoas, tem se tornado um repositório cruel de ignorância, maldade, intolerância, ataques sem fundamento e sem nenhuma consideração pelos sentimentos do outro.
O ser humano é feito da mesma essência que os animais selvagens. A diferença deveria ser a capacidade de construir valores éticos e segui-los, nas relações interpessoais. E muitas vezes isso acontece.
Mas quando temos medo, voltamos ao primitivismo: quem tem medo ataca antes de ser atacado, e procura eliminar o oponente pela violência.
Talvez seja esse o motivo de tanto ódio na sociedade brasileira atual: estamos à deriva há mais de um ano, sem perspectiva segura de melhora do panorama social, com a fome batendo à porta, sem os recursos necessários ao enfrentamento da pandemia.
A esperança vai se enfraquecendo, e o medo toma espaço na alma.
E o medo acua as pessoas, chama de volta o animal primitivo que vive em nós, quebra a minúscula casca de civilização que acumulamos sobre os instintos, nesses milênios de civilização..
É aí que podemos nos tornar sanguinários. Não precisamos matar, como os animais; temos o poder da palavra. Assim mentimos, agredimos verbalmente os diferentes, enganamos os incautos com afirmativas sem fundamento, regredimos ao mais primitivo da linguagem e os palavrões aparecem como lanças afiadas.
Pobres de nós!