Sherlock Holmes e Dr. Watson foram acampar. Depois da refeição e de uma boa garrafa de vinho, deitaram-se para dormir na barraca. De madrugada, Holmes acordou e cutucou seu fiel amigo:
– Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.
– Vejo milhares e milhares de estrelas.
– E o que isso significa?
Watson pondera por um minuto, depois responde:
– Astronomicamente, significa que há milhares de galáxias e bilhões de planetas. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte. Temporalmente, deduzo que são aproximadamente 03h15min pela altura em que se encontra a Estrela Polar. Teologicamente, posso ver que Deus é todo poderoso e somos pequenos e insignificantes. Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia amanhã. Correto?
– Watson, seu idiota, significa apenas que alguém roubou nossa barraca!
Esta história serve para mostrar que a vida é simples, nós é que temos a mania de complicar. E a complicamos porque julgamos e tomamos decisões erradas. As melhores decisões ocorrem quando:
– temos suficiente conhecimento do assunto;
– possuímos experiência pertinente ao fato; e
– raciocinamos com equilíbrio e responsabilidade.
Ser o mesmo na alegria e tristeza, afeto e raiva, coragem e medo, não é fácil, mas necessário e fundamental àqueles que têm nas mãos o destino de outras pessoas. Alguns exemplos, reais ou não, às vezes falam mais alto em nossa memória do que a própria teoria pregada sobre o assunto. Eis um fato bíblico:
“Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: ‘Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na Lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso?’ Perguntavam-lhe isso a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra. Como eles insistiam, ergueu-se e disse-lhes: ‘Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra’. Inclinando-se acusados pela própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele” (Jo 8, 3-9).
Assim como este, a história nos tem mostrado um grande número de fatos retratando decisões acertadas, importantes e oportunas. Refletindo em cada caso, nossa conduta pessoal pode ser melhorada. Eis algumas conclusões que tiraram por nós:
Calar sobre sua própria pessoa, é humildade. Calar quando se vê o defeito do outro, é caridade. Calar quando a gente está sofrendo, é heroísmo. Calar diante do sofrimento alheio, é covardia. Calar diante da injustiça, é fraqueza. Calar quando o outro está falando, é delicadeza. Calar quando o outro espera uma palavra, é omissão. Calar e não falar palavras inúteis, é penitência. Calar quando não há necessidade de falar, é prudência. Calar quando Deus nos fala no coração, é silêncio. Calar diante do mistério que não entendemos, é sabedoria. Calar quando na escuridão da noite procuramos Deus e não o encontramos, é não saber procurar dentro do nosso coração. Ele sempre está conosco!
É muito simples entender que, até no silêncio, a tomada de decisões é uma habilidade da mente humana que pode ser aprendida como qualquer outra habilidade; porém, a decisão do momento quase sempre depende da definição dada ao problema e do grau de risco assumido por quem a toma.
Há uma piada de um paraquedista que, não conseguindo fazer abrir o seu paraquedas durante um salto, pediu ajuda ao santo:
– Meu São Francisco, me ajude!
No mesmo instante em que uma mão lhe segurou no ar, ecoou uma voz perguntando:
– São Francisco de Assis ou de Paula?
O paraquedista aflito, apressadamente se decidiu:
– De Assis.
A mão que o segurava o soltou… e a voz lamentou:
– Sou ‘de Paula’.
Também em casos reais, muitas pessoas estão vivas graças às decisões acertadas que tomaram. Disse Santo Agostinho: “Deus não manda o impossível, mas, ao mandar, aconselha que faças o que podes e peças o que não podes”. E você, reza o suficiente para pedir ajuda a Jesus ou espera acontecer alguma complicação primeiro?
Fazemos escolhas desde que a gente se levanta até a hora de dormir. A gente escolhe esta ou aquela camisa, esta ou aquela calça, este ou aquele sapato… Na hora do almoço, escolhemos esta ou aquela comida, esta ou aquela bebida, doce ou frutas; porém, existem escolhas que são mais importantes do que o comer e o vestir.
Algumas escolhas se referem à religião, outras, ao tipo de vida simples ou complicada, e irão nos acompanhar para sempre. Em resumo, toda decisão depende de um sim ou não, contudo, o cuidado com que a tomamos determinará o nosso êxito – agora e na eternidade!
Ø Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).