No terceiro dia, porém, a chuva não dava trégua e o sacristão resolveu não sair para aquela missão. Quando soube da decisão do pai, o menino entristeceu-se e protestou:
– Não podemos deixar de ir, pai! Se não formos hoje, não conseguiremos entregar em todo o bairro até sábado!
– Filho, eu não vou enfrentar esta chuva. Já peguei um resfriado na semana passada e não quero me arriscar de novo.
Então, o sacristão deitou-se no sofá e ligou a televisão. Mais uma vez o filho insistiu:
– Deixa eu ir sozinho, pai. Prometo que não voltarei tarde e dou conta de entregar um montão de folhetos.
E o menino partiu com o pacote numa mão e o guarda-chuva na outra. Em pouco tempo, ele estava todo encharcado, mas protegia cuidadosamente o material que levava.
Após algumas horas, a chuva engrossou, o vento ficou mais forte e ainda faltava uma carta para entregar. O garoto olhou para o relógio e lembrou-se que prometeu ao pai não voltar tarde; mas, entre a promessa e o dever, resolveu atravessar um terreno descampado e bater na próxima casa. Tocou a campainha várias vezes e não foi atendido; deu a volta, bateu na porta do fundo e também não saiu ninguém.
Antes de ir embora, ele subiu no muro e olhou pela janela. Enxergando uma luz acesa, voltou à porta e insistiu na campainha. Então, finalmente, uma senhora idosa saiu de camisola e o atendeu.
– Bom dia! Jesus pediu que a senhora vá participar da nossa festa na igreja. Aqui está o convite – disse o rapazinho. E completou: – Jesus te ama!
Uma semana depois, após a missa na paróquia, aquela idosa que recebeu a última carta levantou-se e pediu para usar o microfone. Sob a atenção de todos, ela deu seu testemunho:
– Numa tarde chuvosa, eu tinha resolvido dar fim à minha vida. Depois da morte de meu marido, eu entrei em depressão e, sem a ajuda de ninguém, perdi a vontade de viver. Enquanto eu procurava uns comprimidos fortes para engolir, alguém tocou a campainha feito um louco e não parou enquanto não fui atender.
Emocionada, ela respirou várias vezes antes de continuar:
– Lá estava um menino cheio de vida, todo molhado, dizendo que Jesus me amava. Pensei em responder-lhe que minha vida estava um lixo e ninguém poderia amar alguém como eu. Mas, peguei o folheto que ele trouxe e passei a ler. Era um convite para a peça teatral nesta paróquia. Vim assistir a apresentação e as palavras de uma moça deram-me novo ânimo para viver.
Quem havia assistido o teatro, sabia que as palavras que ela se referia eram estas:
“Queridos filhos, neste momento, peço que ouçam com atenção o que esta Mãe tem para lhes dizer. Quero agradecer a todos pelo carinho e confiança que demonstram por mim e, tenham certeza, nunca deixarei de lhes proteger.
Em Nazaré, eu, Maria, era uma jovem humilde, vivia com pouco conforto, não havia estudado muito nem exercia poder sobre outras pessoas, e mesmo assim fui escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus! Recebi esse presente porque tinha um coração puro, não pecava e confiava na Palavra que ouvia no Templo. E muitas outras coisas contribuíram: seguia os exemplos de vivência na justiça e no amor de meus pais; aceitava com fé as tribulações impostas pelos homens e perseverava nos caminhos do bem.
Mesmo grávida, ajudei por três meses minha prima Isabel, viajei dezenas de quilômetros com José para o Egito e nos instalamos num estábulo para ter o nosso Filho! Talvez seja difícil para vocês, queridos filhinhos, imaginarem o quanto rezamos e nos esforçamos para trazer ao mundo o Salvador. Vocês conhecem alguém que já passou por isto: viajar grávida, praticamente sem dinheiro, com perseguição às costas, sem ter para onde ir, confiando e agradecendo?
Com santidade, quis servir a Deus e aceitei a Sua vontade. Hoje, estou feliz porque vejo muita gente servindo o meu Filho. Por acaso alguém se arrependeu de estar aqui? Continuarão tendo tempo para ajudar o Plano de Salvação da Humanidade?
Recitem diariamente o Terço e meditem a Palavra Santa. Encontrem-se mais vezes com Cristo na Eucaristia e na visita aos pobres. Pratiquem todo tipo de perdão, façam sempre boas confissões, participem da Adoração ao Santíssimo, rezem com os doentes, ajudem os encarcerados, sejam agentes de evangelização e de paz na família. Isso tudo significa ‘preparar os caminhos do Senhor’.
Um dia, vocês não serão julgados pelos carros que compraram, nem pelas viagens que fizeram ou pelas roupas que vestiram, mas, sobretudo, pelas obras espirituais. Quem não tem tempo para Deus, vive perdendo tempo e pode perder o Céu!
Rezem e algum sinal virá em breve mostrando os caminhos a seguir. Olhem sempre para mim, chamem por Nossa Senhora e, com amor, façam bem feito a parte que lhes cabe. Eu lhes abençoarei.
Fiquem em paz!”