Foi positivo resgatar um sentimento que defendia: o brasileiro é criativo, consegue manter-se com um humor inconfundível (mesmo com nossas mazelas sociais). Ao assistir ao espetáculo de abertura, e perceber que demos um melhor show com muito menos recursos em relação ao evento de abertura de Londres 2012, transmitindo várias mensagens de inclusão, combate ao racismo, apoio a diversidade sexual, preocupação com a ecologia e solidariedade aos refugiados, tudo com muita criatividade, mas com simplicidade para combinar com a cultura e estilo nacional.
Na madrugada escura, mas ainda com o brilho das cores olímpicas, fui tentar dormir com um sentimento amargo de traidor, de filho pródigo de brasileiro infiel.
Na manhã seguinte, com o sol voltando a brilhar e literalmente abrir meus olhos para o universo, continuei refletindo e percebi muitos contrastes com as mensagens passadas em relação a realidade brasileira, pois somos um país em que grande parte da população resistem a medidas inclusivas, somos uma população racista desde nossa colonização, um nação devastadora de suas invejáveis riquezas naturais (isto ficou evidente pela baia da Guanabara que está longe de ser nosso caso mais grave), ficamos inconformados pela falta de solidariedade dos europeus em relação aos refugiados, mas não somos solidários com os nordestinos que são obrigados a sair de suas origens para sobreviver em outras regiões (principalmente no sudeste), mas sempre sofreram forte discriminação.
Enfim, a festa realmente foi bonita, o brasileiro tem competência sim, merece respeito sim e não podemos ser infectados com o vírus de “vira latas”, mas o brasileiro também tem muito que aprender a respeitar a natureza em todas as suas formas (humanas e materiais), precisando virar a ficha de nosso modelo de mundo.
Pelo menos a festa foi boa para que eu chegasse a esta opinião!