Um moço religioso que vivia entre os monges do deserto considerava-se pouco inteligente e incapaz de guardar os ensinamentos recebidos. Entristecido, procurou um velho sábio e lhe disse:
– Apesar dos esforços constantes, não chego a conservar na memória, durante muito tempo, as instruções que recebo. Os trechos mais belos que leio diariamente no Evangelho vão também para o esquecimento.
O sábio que o escutava com paciência apontou dois cântaros e falou ao jovem:
– Meu filho, toma um daqueles cântaros. Coloca um pouco d’água e lava-o cuidadosamente. Enxuga-o com teu próprio hábito e devolve-o ao lugar onde estava.
Obediente, o moço fez exatamente o que lhe determinou o sábio. Concluída a tarefa, o ancião perguntou-lhe qual dos dois cântaros estava mais limpo. O rapaz tomou nas mãos o que ele acabara de secar e respondeu:
– Este, por certo está brilhando! Lavei-o com bastante cuidado.
– Repara bem – disse o sábio. – Ele difere muito daquele outro que não foi lavado e que continua empoeirado; porém, embora inegavelmente limpo, este cântaro não retém mais vestígio algum da água que o purificou. Também aquele que ouve confiante os ensinamentos do Evangelho e os vivencia, embora não grave na memória a exata precisão das mensagens recebidas, traz o coração tão puro quanto um cântaro lavado.
Pois é, embora simples, esta história reflete a tão proclamada verdade: não só de pão vive o homem, mas também de toda Palavra da boca de Deus.
Também é importante evangelizarmos os ambientes que convivemos no dia-a-dia, quer seja em família, no trabalho ou entre amigos. Falando dos ensinamentos de Cristo e dando testemunhos de superação dos pecados, muita gente acaba refletindo posteriormente nos assuntos e passa a encarar a vida um pouco diferente.
Quando tenho oportunidades, cito pessoas que eu não gostava e as perdoei. Não eram poucas e hoje não sobrou ninguém que eu tenha ressentimentos. Não foi fácil, nem foi de repente, mas valeu a pena não mais sofrer por coisas que já passaram. Tenho consciência que, agora, posso rezar o Pai-nosso em paz: ‘…perdoai as nossas ofensas, assim com nós perdoamos os que nos têm ofendido…’.
Eis outra história do livro do amigo Gesiel:
Havia um homem que vivia sempre sereno e atraía a atenção de pessoas que paravam para conversar. Todos ficavam curiosos para saber qual era o motivo de seu constante bom humor. Um dia, o rei o procurou e falou-lhe:
– Você está sempre alegre. Será que nunca fica preocupado com alguma coisa? Não se preocupa nem mesmo com o seu destino? Será que não pensa nos pecados dos quais Deus vai lhe pedir contas? Afinal, nesta vida, todos somos pecadores!
– Vossa majestade tem toda razão – respondeu o homem. – Eu imagino que a gente está amarrado a Deus por uma corda. Quando pecamos, Ele corta a corda, mas quando nos arrependemos e pedimos perdão, Ele pega as duas pontas e dá um nó para reatá-las.
– Mas, o que significa isso? – questionou o rei.
– Desse jeito, a corda fica mais curta e a gente se aproxima de Deus! Os anos passam e, apesar do esforço, a gente continua falhando, porém, Ele vai dando mais nós na corda e, cada vez mais, vamos ficando muito perto Dele. Este é o motivo que me faz viver feliz.
O rei ficou maravilhado com a sabedoria e a coerência das palavras do homem, e entendeu a felicidade daqueles que, embora pecadores, se arrependem e amam a Deus.
Refletindo nas duas histórias, concluo que quanto mais ouvimos a santa Palavra e perdoamos as pessoas, mais manso fica o nosso coração para acolher o amor de Deus. Assim como eu, quem já fez essa experiência sabe que a prática da fé é como um banho: a cada dia precisa ser repetido, independente do quanto foi eficaz no dia anterior. Mas, quem insiste nas doses de bobagens que contaminam a alma, vai se afastando do Senhor.
E a sua corda atada a Deus, com que tamanho está? É curta ou tem quilômetros de comprimento? As novelas e as besteiras que passam na TV continuam presentes em sua vida? Acorda!
De tantos nós do passado, a minha corda já está bem curta. Agora cuido para que não precise mais ser cortada.