
Outro dia eu estava lavando a louça meio apressada e ouvi aquele barulhinho quando chega mensagem de whatsapp. Vi que era de uma clínica que me pedia se podia enviar o comprovante de autorização do plano de saúde. Podia deixar para depois, mas sou feita de urgências e ânsias, então, naquela responsabilidade de ser precisa e pontual, digitei: um momento! Enxuguei as mãos, procurei o tal comprovante, fiz um print e enviei. Daí a pouco a secretária agradeceu e fim de papo. Bom, eu nunca falo ou escrevo ou digito “um momento” e sim, sempre: “um momentinho”. Aquele “um momento” me incomodou, pareceu frio e aborrecido, com ares de uma ordem proferida por mim, enfim, aquele “um momento” não era eu nem era meu. Deixei quieto. Apenas refleti. Os diminutivos são fantásticos, é um jeito de falar que sugere delicadeza.
Como não me lembrar emocionada de meu pai que só me chamava por “filhinha” mesmo quando eu já era adulta? Refleti também sobre uma questão: os homens usam menos os diminutivos, isso é coisa de mulher que geralmente é delicadinha. Beem, parte mais um pedacinho pra mim? Tá friozinho né?
Algumas amigas e primas me tratam por “Misinha”, o que eu acho uma belezinha! Este inha não tem nada a ver com o tamanho da pessoa, por um acaso sou miudinha, mas conheço pessoas muito maiores do que eu e que sempre foram e são inhas. Há mulheres e homens também que carregaram seus inhos nos seus nomes por uma vida inteira: Fernandinho, Carlinhos, Marquinho, Zezinho, Dorinha, Estelinha, Cidinha, Lourdes que sempre foi Lourdinha e uma infinidade de outras pessoas que sempre foram adoravelmente inhos.
Há que considerar que o inho ou inha é carregado de charme, pois que muitas socialites têm o seu inho, por exemplo, faz de conta: Estiveram presentes no evento beneficente Heleninha Morgan, Elvirinha Cintra e a elegante Carminha Matoso. Muito chique!
Só mais uma observação, uma não, duas: este texto, por um acaso, saiu bem pequenininho! Também não é por acaso que a palavra carinho já veio com inho e igualmente, passarinho!
Misa Ferreira é autora dos livros: Demência: o resgate da ternura, Santas Mentiras, Dois anjos e uma menina, Estranho espelho e outros contos, Asas por um dia, Na casa de minha avó e Ópera da Galinhinha: Mariquinha quer cantar. Graduada em Letras e pós graduada em Literatura. Premiada várias vezes em seus contos e crônicas. Embaixadora da Esperança (Ambassadors of Hope) com sede em Calcutá na Índia. A única escritora/embaixadora do Brasil a integrar o Projeto Wallowbooks. Desde 2009 Misa é articulista do Conexão Itajubá, enviando crônicas e poemas. Também contribui para o jornal “O Centenário” de Pedralva.