Sonhar é essencial. Mas, como destacam os professores André Medeiros e Moisés Vassallo, hoje o sonho de ficar rico rapidamente tem custado caro ao bolso do brasileiro. As bets invadiram o intervalo do futebol, a novela, o celular e transformaram o mercado de apostas numa verdadeira mina de ouro — cujo minério, segundo os especialistas, vem diretamente da mesa das famílias.
Para muitas pessoas, apostar virou “investimento” ou “renda extra”. Mas Vassallo é claro: aposta não é investimento. “É gasto. É como pagar um ingresso de cinema: você paga pela emoção, mas o dinheiro vai embora”, afirma o professor.
Dados recentes mostram que brasileiros enviaram mais de R$ 20 bilhões para plataformas de apostas em apenas um mês. Para André Medeiros, isso significa dinheiro que deixou de circular no comércio local. “É o valor que poderia ir ao açougue, à padaria, à farmácia. Em vez de levar comida pra casa, está virando crédito em site de aposta”, destaca.
O problema se agrava porque, diferentemente de uma compra, a maioria dos jogadores não leva nada em troca — e, muitas vezes, nem percebe o quanto está gastando.
A sedução das apostas não é aleatória. Os sistemas são programados para manter o usuário preso em ciclos de tentativa e erro. Moisés explica o mecanismo da “recompensa incerta”: “Se perder sempre, você desiste. Se ganhar sempre, a banca quebra. Então, de vez em quando, a plataforma te deixa ganhar um pouquinho. O cérebro libera dopamina, te dá prazer e te faz jogar de novo.”
Até o famoso “quase ganhei”, seja na roleta ou no futebol virtual, é deliberadamente criado para parecer que a vitória está próxima. “Nas finanças, quase ganhar é exatamente igual a perder”, reforça o professor.
A verdade incômoda, segundo os coordenadores do Grupo Denarius, é simples: no longo prazo, a casa sempre ganha. “Você até pode ter sorte uma vez. Mas, se jogar mil vezes, perde tudo. Não é ladrão; é estatística”, explica André Medeiros. As probabilidades são pré-programadas e impossíveis de vencer de forma contínua.
Leia o artigo do Grupo Denarius: BETS – MAIS UM BURACO INVISÍVEL NO SEU BOLSO
As bets replicam a mesma lógica da loteria: oferecer a chance de um ganho gigantesco para justificar probabilidades minúsculas. “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”, comenta Moisés. O problema, reforçam os professores, é que a propaganda mostra apenas a pessoa que ganhou — nunca as dezenas de milhares que perderam.
“É como um estádio lotado: um comemora no gramado, e 50 mil espectadores voltam para casa de bolso vazio”, exemplifica Medeiros.
O Grupo Denarius reforça que o objetivo não é proibir sonhos, mas proteger famílias de prejuízos silenciosos. Entre as recomendações:
Para os professores André Medeiros e Moisés Vassallo, a conclusão é direta: “Se a promessa for dinheiro fácil, fuja. A única certeza nas bets é o lucro da plataforma.”
Por Redação, com informações de André Medeiros e Moisés Vassallo