O Brasil pratica a mais alta taxa de juros básicos, 14,25% ao ano. Nos Estados Unidos a taxa de juros básica varia de 0,00% a 0,25% ao ano. Na Suiça a taxa de juros é negativa e, para que o investidor deixe seu dinheiro lá paga uma taxa de 0,75% ao ano. No Brasil as pessoas conseguem, por isso mesmo, viver de renda e não investir dinheiro em produção e geração de empregos.
De 2013 até agora, a taxa básica de juros foi elevada em sete pontos percentuais, considerando a enorme dívida pública de nosso país, segundo os economistas, este aumento teve um impacto de mais de R$ 200 bilhões a cada 12 meses, uma vez que cada ponto percentual representa um impacto de R$ 30 bilhões na dívida.
Neste ano os pagamentos de juros da dívida, com esta taxa elevada, vão custar ao governo até R$ 430 bilhões. De 2013 até o final de 2015 o total de gastos com pagamento de juros da dívida atingirá a estratosfera quantia de R$ 1.038 trilhão. Este dinheiro está sendo pago a investidores, locais e estrangeiros, que aplicam em títulos do governo. Dinheiro ganho sem mover uma palha sem fabricar um único alfinete. Este dinheiro, segundo Steinbruch seria suficiente para pagar o Bolsa Família que atende a 14 milhões de famílias durante 38 anos.
O orçamento da educação foi cortado e é só de R$ 38 bilhões, ou seja, um ponto percentual de juros geraria uma economia de R$ 30 bilhões, quase que suficiente para pagar todo o orçamento com educação.
O superávit primário que o governo tenta obter em suas contas é para pagar os juros da dívida pública. Esta dívida deverá atingir, este ano, R$ 3,6 trilhões. O superávit pretendido para o anos era de R$ 66,3 bilhões mas no mês passado esta meta foi reduzida para R$ 8,6 bilhões. Para atingir o superávit, no dia 31 de julho, saiu um decreto com corte adicional de R$ 8,47 bilhões nas despesas do governo federal este ano – a saúde perdeu R$ 1,7 bilhão e a educação R$ 1,16 bilhão, ou seja, o governo corta nos gastos que afetam a população e nunca no que lhe afeta diretamente. O aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros básicos, tomada um dia antes dos cortes anunciados, criou uma despesa adicional de maior do que o corte de R$ 8,47 bilhões.
A taxa de juros do cartão de crédito atingiu 372% ao ano em junho. Não existe nada parecido no mundo civilizado.
Notem bem, se nossa dívida é de R$ 3,6 trilhões e nossa taxa de juros básicos é de 14,25% ao ano, utilizando a matemática financeira com capitalização mensal esta taxa é de 1,1163% ao mês, o que nos daria um valor de juros a ser pago pela dívida de R$ 42,8 bilhões mensais, sem qualquer amortização do principal. Imaginem o que poderíamos fazer com um dinheiro destes.
O objetivo do aumento dos juros básicos é para reduzir a inflação. Utiliza-se este recurso para diminuir-se a demanda o que teoricamente força a queda dos preços. No caso do Brasil, o grosso da inflação atual decorre do aumento dos preços administrados pelo governo como, luz, gasolina, água etc. que não tem relação com a demanda. Por causa disto, ao invés de reduzir a inflação, desde março de 2013 só subiu. Passou de 6,5% para quase 9% em 12 meses.
Estes juros de 14,25% ao ano só interessam a quem vive de renda. Quem investe em produção e gera empregos só perde com isso. Esses juros, associados ao programa de austeridade, vão produzir uma recessão absurda.