Os alunos da Universidade Federal de Engenharia de Itajubá (UNIFEI) já podem realizar pesquisas e estudos específicos relacionados à energia das ondas do mar. O laboratório de ondas hidráulicas, instalado no prédio do Instituto de Recursos Naturais (IRN) possui um canal com 24 metros de comprimento, 80 centímetros de largura e 1,20 metros de profundidade. Em uma das extremidades encontra-se um equipamento de acionamento pneumático gerador das ondas que irão se propagar no canal. Em outra extremidade encontra-se o simulador da praia chamado de absorvedor de ondas. Feito de madeira, o absorvedor tem o objetivo de não refletir as ondas para dentro do canal. No meio situa-se a área de testes de protótipos, espaço que sofre menos influência da praia e do gerador de ondas. Dessa forma, o laboratório de ondas simula a situação real do mar, sem nenhuma reflexão, reproduzindo o momento em que as ondas quebram sem retornarem ao mar.
Daniel Spínola Clemente, engenheiro mecânico mestrando na área de engenharia da Energia supervisionou o projeto juntamente com os professores Geraldo Lúcio Tiago Filho, idealizador do projeto e Marcos Eduardo Cordeiro Bernardes, oceanógrafo. O engenheiro disse que um dos objetivos do laboratório é propiciar aos alunos uma visão das possibilidades de geração de energia elétrica a partir das ondas do mar. “Estudar a energia do mar aqui na UNIFEI será tão vantajoso quanto para alunos que estudam em universidades próximas do mar.” A construção do laboratório está inserida na Rede de Engenharia Costeira no qual, além da Unifei, participam entidades como o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Escola Politécnica da USP e o Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Dentre os estudos e pesquisas que podem ser realizados no laboratório, Clemente destacou o ensaio de ondas hidráulicas, a realização de experimentos com protótipos para a geração de energia elétrica, o estudo de variação da inclinação da praia, o impacto de situações extremas como tsunamis, o estudo da física das ondas e como elas se comportam e o estudo dos dispositivos que vão absorver a energia provinda das ondas. De acordo com o professor Marcos Bernardes, o laboratório poderá aliar teoria e pratica mostrando a interação entre a água e os sedimentos do fundo do mar. “Poderemos explorar a teoria de geração de ondas e ver como elas se propagam no canal, como transportam os sedimentos e como isso interfere numa praia a partir da variação da inclinação da prancha dentro do canal. Dessa forma, os alunos poderão estudar os diferentes tipos de quebra de ondas, morfologia costeira e dinâmica de praia.” Ele afirmou que já foram feitas atividades em laboratório com alunos do curso de Engenharia Hídrica para a disciplina de Hidráulica Marítima e que, em breve, serão realizados estudos sobre como as zonas costeiras reagem em função da energia das ondas. Bernardes acentuou que em dezembro alunos de instituições do Rio Grande do Sul e de São Paulo irão vir até a UNIFEI para a realização de testes, medições e analise das características das ondas.
O Laboratório estará disponível a todos os cursos da UNIFEI e já tem despertado interesse e curiosidade de alunos e acadêmicos. O professor Luiz Edival de Souza, do curso de Engenharia de Controle e Automação, já iniciou pesquisas na parte de instrumentação do canal para desenvolver sensores de captação e interpretação dos sinais emitidos pelas ondas.
O engenheiro Clemente afirmou que o mercado das ondas é promissor no Brasil, que possui um litoral com 7.367 km, banhado pelo oceano Atlântico e o contorno da costa aumenta para 9.200 km se forem consideradas as saliências e reentrâncias do litoral. Ele enfatizou, ainda, que o mercado energético vai apostar nessa fonte por ser de pequeno impacto ambiental. “Mesmo as maré motrizes, que tem hélices, podem ter algum tipo de impacto em peixes e mamíferos. Já a energia das ondas utiliza uma parte bem superficial do mar e não produz nenhum impacto na vida marinha.”
Fonte: UNIFEI