Não mais que de repente, estreitamos os laços. Acho que foi assim: uma de nós adora panelas, não tem presente melhor para ela. Então estava a namorar as panelas no supermercado quando outra de nós apareceu, e lá ficaram, namorando as panelas e conversando sobre tudo. Desses encontros no corredor das panelas, surgiu a ideia de um café na casa de uma. E assim temos nos encontrado todos os meses. Uma leva um bolo, outra, um pão cheio, e todas nós levamos alegria, compartilhamos falas e risos. Nem bem acontece um encontro, já está marcado outro, e tudo devidamente fotografado e postado no Face porque afinal, “sou visto, logo existo”. Esta frase eu ouvi de um psicanalista na televisão e adorei! Já conhecia outra frase de Roland Barthes também parodiando Descartes que é assim: “Tenho medo, logo existo”. Esta é fantástica, não acham?
Bem, voltando ao assunto, também fizemos um grupo no “WhatsApp” pra não dever nada à moçada esperta, e ali acabamos de combinar os encontros (que fique claro que eu não fiz nada, quem pôs o grupo no “WhatsApp” foi a Marisol, a mais tecnológica de nós). Pelo “WhatsApp” também trocamos receitas do que experimentamos. É claro que entre nós há aquelas que entendem maravilhas das comidas, verdadeiros expoentes da culinária, e outras que são um fracasso. Eu e a prima estamos no segundo grupo, ela bem pior do que eu. Ah, e também nos apelidamos, muito engraçado, é Cavalgadura pra cá, A Cafona pra lá, Biscui, Matriarca, Mascote, Marisol. Quando ainda falta muito para o encontro e bate a saudade, combinamos no WhatsApp : “Amigas! Às panelas” e vamos para o corredor das panelas porque dona de casa não sai mesmo do supermercado.
Amigas … vocês conhecem coisa mais gostosa? É diferente de família. Família, a gente morre de paixão, a gente morre por eles, é amor incondicional, mas amigas, bem, é amor diferente, especial, é tempo de caminhada, de abraço solidário, de presença superpreciosa. Quando a gente tem amigos, a vida fica mais leve.
Há tempos eu conversava com um amigo querido quando saiu o assunto de idade, velhice mesmo, de cuidados com os pais. E eu exclamei meio sobressaltada como se estivesse descobrindo pela primeira vez esta verdade: eu não tenho filhos! E ele me acalmou dizendo: Você tem amigas!