Bem, podia ser um dia comum, mas não foi e não é, antes diria que foi um dia glorioso, uma vez que eu sabia que um amor que nunca foi, fora finalmente resgatado. E esses amores assim tardios provam que não existe idade nem tempo exato para amar, que o encontro entre duas pessoas depois de tanto tempo é algo tão raro e tão precioso que é quase como encontrar um tesouro de valor incalculável. Um amor tardio vem faminto, saudoso e repleto de vida. E amar num dia bonito torna tudo mais poético e mais belo, certamente inesquecível. Sempre se lembrarão do outono neste dia e sempre farão associações de dias outonais com amores felizes e encantados. Voltarão plenos de alegria para suas vidas, sentindo-se como reis e rainhas em dias de glória, e terão a certeza de que viver vale a pena.
A mim coube apenas e discretamente registrar tal anônimo acontecimento, e também, agradecida, louvar a estação tão querida que mais me encanta, pois nasci no outono e no mês de Maria. As camélias, antúrios e orquídeas acordaram e, languidamente, se espreguiçaram e se abriram saciadas deixando o friozinho da manhã banhar suas folhas verdes e suas flores multicores. Todas agradeceram ao sol que chegou timidamente anunciando que seus raios já não são mais de verão. Também os amantes compartilharam “as promessas de vida em seu coração”…
Tudo maravilhoso, mas nada é perfeito, logo o caos nos envolve, e vem uma coisa ou outra para traiçoeiramente nos atestar que a vida é incerta. E ficamos paspalhos e perplexos. Todavia, por ora, está tudo bem, que venham muitos outonos e mais amores cálidos. Só por hoje sejamos felizes e quem sabe amanhã também.