Por Camila Maciel – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
Pesquisadores do Instituto do Sono apontam que pacientes internados com covid-19 podem apresentar distúrbios do sono como manifestação de estresse pós-traumático. Durante o período de internação, é comum a piora na qualidade de sono decorrente do atendimento médico em horários diversos, barulho e iluminação excessiva. E, após o retorno para casa, são relatados casos de pesadelos e dificuldades para retomar um sono sem fragmentação.
“O ciclo circadiano [espécie de relógio interno controlado pela luz] está interrompido, então manter um horário de dormir e acordar é fundamental para que ele possa ter melhora na recuperação”, aponta Priscila Kalil Morelhão, pesquisadora do Instituto do Sono. A definição de um horário para deitar faz parte do que se conhece como “higiene do sono”, que envolve uma série de regras para garantir uma noite reparadora.
“O sono é um comportamento essencial para a nossa vida. A gente precisa dormir para que os reparos musculares e reparos na memória ocorram. Se eu não tenho uma boa qualidade do sono, o meu sistema musculoesquelético pode ser afetado, pode ser, não necessariamente é, por atrofias musculares, além de questões como mau humor, ansiedade e depressão”, explica Priscila. Ela destaca que a boa qualidade do sono é fundamental para a recuperação completa de paciente que tiveram covid-19.
A pesquisadora orienta que o ideal é buscar ajuda profissional para que sejam avaliadas as medidas necessárias em cada caso, mas algumas ações podem ajudar pacientes que já estejam num estágio de maior autonomia. Além de ter horário regular para deitar e acordar, é importante evitar estimulantes a partir do fim da tarde, como café. Atividades físicas também podem ajudar na regulação do sono. “Nós recomendamos não fazer essas atividades próximo do horário de dormir, porque pode ter aumento da adrenalina.”
A ingestão de bebidas alcóolicas também impactam na fragmentação do sono. Não é recomendado ainda o uso de eletrônicos, como televisão e celular, antes de dormir. “Todas essas medidas são importantes para que ele possa ter uma melhora da qualidade do sono e consequentemente uma melhor recuperação”, afirma a pesquisadora.
Em paralelo a essas medidas, profissionais de fisioterapia podem avaliar a necessidade de exercícios motores e cardiorrespiratórios.
O Instituto do Sono sistematizou alguns exercícios que podem ajudar pessoas com dificuldade no sono. Após receber orientação de um profissional, para agilizar o processo de recuperação, o paciente poderá realizar exercícios em casa duas vezes ao dia.
“A pessoa deve começar de forma lenta, bebendo água no intervalo dos exercícios e aumentando a intensidade à medida que sentir mais confiança. Os exercícios devem ser suspensos em caso de febre, palpitações, dor de cabeça e coração acelerado”, alerta o instituto.
Respire suavemente, usando o mínimo de esforço possível;
Inspire pelo nariz e expire pela boca, franzindo os lábios como se fosse apagar uma vela;
Tente liberar qualquer tensão em seu corpo a cada expiração;
Gradualmente tente respirar mais lentamente e fechar os olhos para se concentrar na respiração e relaxar.
Deite-se de lado na cama, dobre a perna de baixo e mantenha a perna de cima esticada;
Levante a perna esticada em direção ao teto;
Abaixe lentamente a perna em direção à cama. Se achar que é muito fácil, segure a perna para cima por 10 segundos.
Sentar e levantar cinco vezes de uma cadeira.
Sente-se reto em uma cadeira ou fique de pé com os braços ao lado do corpo;
Levante o braço lateralmente até a altura do ombro e lentamente de volta ao seu lado;
Se achar que é muito fácil, segure um peso em suas mãos.
Fique de pé com os pés juntos, segurando uma cadeira firme para se apoiar;
Levante a perna de fora para o lado e retorne lentamente à posição inicial;
Repita o exercício levantando a perna para trás ou elevando o joelho para a frente. Se achar que é muito fácil, repita os movimentos sem segurar na cadeira.
Edição: Lílian Beraldo