Numa roda de amigos durante um leilão de cavalos, muitos concordavam que era difícil fazer uma oração bem feita, sem nenhuma distração. A maioria dizia que, de fato, ninguém consegue rezar um ‘Pai-nosso’ sem distrair-se ao menos um instante, mas, no meio da discussão, apareceu um homem que afirmou ser capaz de rezar sem desconcentrar-se. Foi então apostado um valioso prêmio: ele ganharia se chegasse ao fim da oração sem se atrapalhar e sem dar a impressão que desviou o pensamento.
O pessoal fez silêncio na sala, pensando a mesma coisa: ‘Duvido que ele seja capaz’. Enquanto isso, um cavalo estava sendo leiloado aos gritos lá fora – um belo animal. O homem, então, após o sinal da cruz, começou a rezar: ‘Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino… será que esse preço é com arreio também?’.
Coitado! Perdeu o prêmio e as bênçãos da oração; mas, o que fez o pobre homem distrair-se e cair em tentação? Você apostaria no orgulho? Apostaria tudo, talvez, na ambição? Eu apenas lhe daria este conselho: ‘Para fugir do pecado, seja humilde de coração e desapegado dos bens deste mundo’. O próprio Jesus, um dia, foi tentado pelo demônio (Mc 1, 12-15) e resistiu, porque sabia que não podia se desviar do caminho santo.
E Ele permitiu que o demônio o tentasse para nos mostrar que ninguém passará por este mundo sem ser provado; porém, o pior de tudo é sabermos que a tentação sempre tem aparência de coisa boa: a Cristo, o diabo prometeu fazê-lo dono do mundo; a nós, promete o inferno!
Você, agora, poderia estar questionando: ‘O inferno é coisa boa?’. Bem, eu apostaria que muita gente pensa que é, sim, pois continuam pecando mesmo sabendo o destino que os espera! Na verdade, procuram não pensar no inferno e preferem ‘se deliciar com os pecados do dia-a-dia’: não amando a Deus e aos irmãos; pecando contra a castidade; desonrando pai e mãe; desrespeitando os dias santos; matando; levantando falsos testemunhos; cometendo adultérios; roubando; cobiçando as coisas do próximo etc.
Não parece ter muitas ‘coisas boas’ nestes pecados? Dou graças a Deus se você disse ‘não’, porque aposto que todos nós já levantamos falsos testemunhos, ou tivemos um pouco de inveja da riqueza, ou enfrentamos os nossos pais… concorda? O importante, hoje, é termos confessado e vencermos as tentações – para ganharmos o Céu.
Jesus se defendeu do demônio no deserto usando a própria Palavra de Deus, portanto, também temos que usar dessa Força para nos prevenir. Da mesma forma que Cristo fez jejum, rezou muito e louvou o Pai, precisamos confiar nas graças que alcançaremos se formos mais obedientes e menos autossuficientes. Aposto também que as ocasiões de pecado poderão, assim, ser evitadas.
E como todo bom conselho é bem-vindo na vida de qualquer pecador, façamos uma reflexão nesta história:
Um homem caminhava calmamente por um campo quando percebeu uma ovelha cabisbaixa.
– Que fazes por aqui tão sozinha?
– Por que te diriges a mim, senhor caminhante? Não vês que sou uma ovelha negra?
– E isso deveria impedir-me de falar-te?
– Claro que sim! É por ser uma ovelha negra que escolhi caminhar a sós por aqui.
– Tens tido problemas com isso?
– Algumas rejeições, sim.
– Não queres contar-me?
– Sabe, faço parte de um rebanho que à noite fica num espaço cercado. Só eu ultrapasso as cercas e saio para conversar com as estrelas. Elas me ensinam tanto! Durante o dia, sempre busco uma graminha mais difícil de encontrar. Então, o pastor me persegue de cavalo, mas só retorno depois de comer a graminha diferente. O cão que reúne o bando chega a ficar com a língua de fora, mas jamais me alcança. E, na minha volta, sempre quer me morder. O bando, o pastor, seu cavalo, o cão e até meus pais andam às avessas comigo.
– Seus pais também?
– Sim. Minha mãe se entristece com as rejeições que encontro e diz que gostaria que eu fosse igual a todos do bando; e meu pai chega a acreditar que nem filha deles sou! Será mesmo, senhor caminhante? Eles são tão branquinhos e eu negra!
– Ora, minha amiga, nada vejo de errado contigo e conheço bem todos os tipos de perseguição. Também eu, em outros tempos, fui perseguido pelo simples fato de sustentar a minha verdade. Não somos aprovados quando ousamos ser diferentes e uma grande maioria deste planeta prefere ignorar que Deus não se repete – não faz ninguém igual a ninguém. Hoje, já não sofro esses ataques. Acredite: até aplaudido sou!
– É mesmo? Será que já ouvi o teu nome, senhor caminhante?
– Tenho certeza que sim, corajosa criatura. Conhecem-me pelos nomes de Cordeiro de Deus ou Jesus de Nazaré.
– Ah, dizem que ajudas muita gente! Podes ajudar-me também?
– Sempre que desejares a minha proteção, não peças somente para ti, mas penses no teu grupo. Concentra-te e digas com fé: ‘Vós que fostes tentado e vencestes a morte, não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal, amém!’.
Aposto numa feliz semana a todos que seguirem este conselho.
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