Em 1972, após um ano de namoro, eu e a Fátima nos separamos. Passados alguns meses, ela foi a um baile de formatura em São Paulo, onde eu residia, e chorou o tempo todo ao me ver com outra namorada. Aquilo me comoveu, me fez ver o quanto ela ainda me amava, voltamos a namorar e estamos juntos até hoje. Que baile marcante, hein?
Após um ano, no último dia de carnaval em Monte Sião, conversando com um colega – Zezinho – que também cursaria o terceiro colegial, fui convidado a estudar com ele para o vestibular. Se eu aceitasse, teria que me desligar do emprego em São Paulo e me mudar para lá. Não demorou muito para eu rasgar a passagem de ônibus do dia seguinte e dizer que iria ser engenheiro. Aquela decisão deu início à minha carreira profissional.
Mais três anos se passaram e, numa aula do professor Hermeto, a nossa turma foi desafiada a fazer um exercício de Mecânica Geral no quadro negro. Como ninguém se prontificou e percebendo a decepção dele conosco, resolvi enfrentar o problema. Meio aos ‘trancos e barrancos’, consegui chegar à solução, fiquei motivado a continuar aprendendo o assunto e me tornei monitor da matéria. Considero que abracei a docência naquele dia e, formado, trabalhei na UNIFEI por 36 anos!
Depois, muita coisa aconteceu, mas vou direto a 1992. Muitas pessoas sabem que fiquei internado em Campinas e só tinha dois por cento de chance de sair vivo do hospital. Graças a muitas orações, fui curado e passei a ter mais ânimo para encarar novos desafios. Então, no ano seguinte, o professor Turrioni me animou a fazer doutorado com ele na USP e, como as demais decisões, foi rápida e abençoada.
E, agora, vem o mais importante, que aconteceu em 1997 na Capela de Nossa Senhora da Agonia. Ao final da missa, o amigo Valadão anunciou que estavam precisando de pessoas para ajudar na comunidade. De pronto, fui ao seu encontro, comecei a grande missão de evangelização em minha vida e, tenho certeza, não há volta, pois experimentei o Amor do Pai e vivo aceitando os seus chamados.
Esses chamados acontecem a toda hora e, vários, influem até hoje em tudo o que faço para o Reino de Deus. Eis aqueles convites que melhor recordo: do Manezão, para eu ser vice-presidente da Associação Nossa Senhora da Agonia; do Ernani e da Meire, para ser vicentino; do Pacheco, para escrever semanalmente no jornal ‘O Sul de Minas’; do Luiz Antônio, para participar da Tribuna Independente, na Rede Vida; do Cesário, para gravar o primeiro CD; da Ângela do Aldo, para escrever um livro de artigos católicos; da Helena, para ingressar na Pastoral da Comunicação; do Inácio, para a Pastoral Familiar; do Júlio César, me indicando para colunista de jornais e revistas vicentinos; do José Vítor, para animar os encontros da Escola de Caridade Antonio Frederico Ozanam; do Paulinho, para fazer concurso no Instituto Federal em Pouso Alegre; enfim, isso não tem fim!
Como eu nunca disse ‘não’ aos chamados, continuo caminhando para entrar em muitas outras portas que Deus me abrirá, porque sei que posso contar com as orações da minha mãe, dos familiares e amigos; posso sempre recorrer à intercessão do meu pai, dos parentes falecidos e de muitos santos protetores; posso continuar contando com os bons comportamentos de minha esposa e filhos, que me dão paz suficiente no dia-a-dia; e conto, ainda, com a bênção maior daquela que é a paixão da minha vida: Nossa Senhora.
Se eu tivesse comido uma batata a cada decisão acertada que tomei, já teria engordado tanto que não poderia sequer andar; mas, pensando bem, não foi quase isso que Jesus fez por nós? Só que, ao contrário, Ele foi assumindo os nossos erros e acabou, realmente, sem poder andar – pregado na Cruz! Eu, pelo menos, aprendi que é mais fácil caminhar com oração e acertar em cada decisão do que pecar e não ter sempre alguns ‘anjos’ de prontidão.
Convite:a Semana Santa chegou. Não deixe de participar. Deus conta com você!