De há muito se sabe que o envelhecimento da população é fato mundial. Isto é um bom sinal, por um lado: significa que as condições de vida melhoraram no mundo todo, e se morre hoje bem mais tarde do que antes.
Mas, como tudo tem dois lados, as doenças próprias dos idosos ficam então mais evidentes e agressivas.
As demências talvez sejam as mais temidas delas. Não matam tão rapidamente quanto o câncer, por exemplo, e roubam o idoso do convívio com as pessoas à sua volta.
No Brasil ainda não se sabe a exata incidência da doença nem a mortalidade. Há, por outro lado, intensa subnotificação: pesquisadores estimam que mais de 1 milhão (dos 2 milhões de casos) não tenham sido diagnosticados. Essa situação coloca pacientes e parentes em um limbo de proteção e cuidados.
“A prevalência de demência na América Latina é a maior do mundo. E não só é muita gente (com demência), mas ela começa dez anos antes aqui”, alerta Claudia Suemoto, professora de Geriatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Em países da América do Norte e da Europa, por exemplo, os dados já sugerem uma tendência de redução na incidência de demência – o que cientistas atribuem ao aumento nos níveis de escolaridade e à maior oferta de tratamentos para problemas cardiovasculares, uma das principais formas de se prevenir contra o Alzheimer.
O aumento e o envelhecimento populacionais são as principais razões para a projeção de crescimento maior do Alzheimer em países da África e da América Latina. Problemas de baixa escolaridade e hábitos de vida pouco saudáveis também concorrem para que a incidência de pessoas com demência não caia nessas regiões.
Em todo o mundo, a previsão é de que os casos de demência passem de 57,4 milhões para 152,8 milhões – uma alta de 166% – em 2050. A tendência de crescimento é menor do que a média global em países como Alemanha, Itália e Japão. E maior em outros como Brasil, Bolívia, Equador, Peru e países africanos. No Brasil a projeção é de que esse número chegue a cerca de 6 milhões de pessoas – um aumento de 200% até 2050.
Estamos próximo de eleições presidenciais: que os nossos governantes se sensibilizem com esses números cruéis…