A partir de amanhã dia 05 de abril de 2025, os Estados Unidos passam a ter uma nova política de tarifação sobre produtos importados. Sob o argumento de que os Estados Unidos sempre foi um país mais aberto e receptivo a produtos importados de outros países do que o resto do mundo era receptivo aos seus produtos e com um déficit da balança de pagamentos de bens e serviços da ordem de 1 trilhão de dólares ao ano o presidente Trump com o objetivo de fazer os Estados Unidos grande novamente ou sempre considerar os Estados Unidos em primeiro lugar impôs unilateralmente altas tarifas de importações aos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
As tarifas foram definidas com base no nível do déficit do saldo da balança de exportações e importações de cada país com os Estados Unidos. Alguns parceiros importantes como a China, maior exportador para os Estados Unidos, passam a ter que lidar com tarifas adicionais às já existentes da ordem de 44%. O Brasil por não ter saldo positivo nas exportações para os EUA, ou seja, mais importar do que exportar para este país não foi tão penalizado, ficando com uma tarifa adicional de 10% sob as já existentes.
O que há de se esperar então para os próximos meses? Como sabemos os Estados Unidos é um país de relevância mundial, sendo a maior economia em dólares do mundo e também o maior importador de muitas nações pelo mundo. Desta forma é de se esperar que com tarifas de importações mais altas os produtos importados por estes país se tornem mais caros e, portanto, enfrentem uma redução na demanda. Isto pode significar uma alta inflação nos Estados Unidos e uma queda da venda para os exportadores para este país. Simultaneamente devem ocorrer reações dos países que passam a ser sobretaxados também implementando tarifas similares como retaliação aos Estados Unidos.
O que se sabe é que haverá uma completa reformulação da ordem mundial de comércio internacional, ainda sem resultados definitivos que possam ser previstos com precisão. Em relação ao Brasil, há a possibilidade de termos algumas vantagens. Destaca-se que fomos colocados na categoria de países com menores taxas de exportações para os Estados Unidos, o que pode nos colocar em vantagem em relação à competidores que exportam produtos similares aos nossos para os Estados Unidos e passaram a enfrentar tarifas maiores. Adicionalmente exportamos produtos que competem com os americanos em outros mercados. Como há de se esperar retaliação dos demais países aos Estados Unidos, também podemos levar vantagem ocupando o espaço que a queda das exportações dos produtos americanos sofrerá pela retaliação sobretudo de países da Ásia e Europa.
No final nossas expectativas são mais positivas do que catastróficas neste momento, mas ainda sim não podemos ignorar o grande impacto que a redução das importações dos Estados Unidos irá gerar na maioria dos países do mundo. O impacto é recessivo, ou seja, de menores vendas e menor renda, o que pode se transformar em uma recessão global.
Uma dúvida não há. Nos primeiros momentos quem mais irá sofrer serão os próprios americanos que enfrentaram altas significativas de preços o que significa perda do poder de compra da sua população.
Enquanto isso grandes exportadores para os Estados Unidos estão preocupados com o impacto em suas economias e como irão retaliar esta decisão unilateral do governo americano. Cabe a nós brasileiros aguardar, afinal largamos em posição de vantagem em relação ao mundo, mas há riscos ainda não possíveis de serem quantificados dada toda a incerteza que a situação impõe a todos os países do mundo.
Lembre-se: informação e planejamento são aliados poderosos para manter a saúde financeira em tempos de insegurança econômica.
Esperamos que tenham gostado do nosso painel de hoje. Até a próxima!
AUTORES: Prof. Dr. André Luiz Medeiros e Prof. Dr. Moisés Diniz Vassallo