A primeira árvore foi cortada e dela foi feito um cocho de animais coberto de feno. Quando as outras duas souberam, ficaram decepcionadas e passavam os dias imaginando o quanto a ‘amiga’ deveria estar sofrendo por não ter quase nenhuma utilidade. Porém, numa noite cheia de estrelas e muitas bênçãos em Belém, uma Virgem colocou o seu Filho recém-nascido naquele cocho e, naquele momento, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo.
A segunda árvore, a maior de todas, virou um simples barco de pescadores e vivia cheia de peixes mal cheirosos. Pensando que o seu sonho nunca se realizaria, vivia triste e desolada até que, durante uma tempestade, quando os pescadores que estavam naquela embarcação temiam por suas vidas, um Homem chegou andando sobre o mar e disse: “Paz!” De repente, a árvore entendeu que estava carregando o Rei dos céus e da terra.
Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore se espantou quando foi cortada e transformada numa cruz de martírio. Sentiu-se horrível e cruel, mas, no domingo, o mundo todo se alegrou. A árvore entendeu que ela fez parte da salvação da humanidade e que as pessoas sempre se lembrariam do Filho de Deus ao olharem para ela.
Assim, três pequenas árvores tiveram alguns sonhos, mas suas realizações foram mil vezes melhores do que haviam imaginado – porque prevaleceu o plano que Deus havia traçado para cada uma delas. Da mesma forma, nossas vidas podem não depender apenas de nossas escolhas e decisões pessoais. Se soubermos confiar na generosidade de Maria Santíssima e na misericórdia de seu Filho, sempre seremos surpreendidos por Eles – que sabem o que é melhor para cada um de nós e o que realmente merecemos receber.
Uma das músicas católicas que retratam bem qual deveria ser o nosso espírito cristão no dia-a-dia, é aquela que diz: ‘Eu confio em Nosso Senhor, com fé, esperança e amor.’ Quem se fortalece nessa confiança através da oração do terço e da Eucaristia diária, tem mais força para superar os problemas e encontra mais facilmente o caminho para o céu.
Muitas vezes, Jesus nos mostra que as nossas vidas são como castelos de areia neste mundo de pecados; de repente, vem uma onda forte e desmorona tudo o que materialmente construímos, mas o reino espiritual – dentro de nós – permanece. Nessa hora, sabemos quem realmente confia na providência de Deus para sair da crise existencial com dignidade cristã.
Depois de chorar um pouco – o que é normal após um tombo -, o católico que se fortaleceu na fé, segura nas mãos de Nossa Senhora e age como uma criança ao ver o seu castelo desmoronado: começa a construí-lo num lugar mais sólido, onde as ondas não poderão atingi-lo. E, em pouco tempo, haverá um grande sorriso no ar – abençoado pela querida Mãe que sempre protege seus filhos muito amados.
As experiências vividas devem suscitar em nós um dinamismo novo, que nos leve a investir em iniciativas concretas aquele entusiasmo que sentimos. O próprio Jesus nos adverte: ‘Quem, depois de deitar a mão ao arado, olha para trás, não é apto para o Reino de Deus’ (Lc 9,62). Na causa do Reino, não há tempo para olhar para trás, menos ainda para dar-se à preguiça. Há muito trabalho à nossa espera; por isso, devemos pôr mãos a uma eficaz programação pastoral.
Portanto, sem olhar para trás, mesmo rezando e confiando na vontade de Deus, devemos pedir para sermos transformados em ‘grandes árvores de espiritualidade cristã’. Enquanto isso, sigamos trabalhando com a Igreja para salvar almas, porque o resto é quase sempre um castelo de areia sujeito a se desmoronar pelo peso do pecado.
Paulo R. Labegalini
Vicentino, Ovisista e Cursilhista de Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).