Afinal, parece que em nosso país e na política brasileira, quase todos têm seu preço e Demóstenes não fugiu à regra. Abriu o jogo ao Cachoeira, mostrando suas cartas. Estipulou o quanto custava. Um homem tido como porta-bandeiras da retidão, o paladino da moral e dos bons costumes. Pois é, professor, advogado, passado em concursos de Delegado de Polícia, Procurador de Justiça e até premiado pela ONU. Foi relator de diversas CPIs, não as deixando acabar em pizza. Segundo seu site, era o parlamentar que mais combatia a corrupção no Brasil. Só que agora o verbo tem que ir para o imperfeito, o trocadilho foi sem querer. Era, não é mais. Já era.
E nós, quando éramos crianças, ao jogar cartas inocentes, aprendemos que não podíamos trapacear. Até no jogo, era proibido roubar. Era jogo limpo, sem roubo e sem dinheiro. Agora assistimos ao jogo sujo de uma política corrompida ao extremo. Quando a gente pensa que não tem mais jeito do Planalto descer, percebemos que em Brasília, tudo parece estar à venda. É a capital da farsa. Uma falsa promessa de tempos antigos quando os homens ainda usavam chapéu na cabeça e ainda traziam as mãos limpas. Bem sei que já devíamos estar acostumados com a corrupção, mas não podemos aceitar assim a banalização de uma política devassa. Ainda e sempre é preciso se indignar.
Quando acontece de ser assim, um exemplo de herói brasileiro que se revela como o falso mocinho, a punhalada da traição machuca mais. Já dizia, acertadamente, São Gregório que “a corrupção do melhor é a pior das corrupções”. Ele, o Demóstenes, parecia ser o melhor. Só parecia. Enganou muita gente, até que ele prove o contrário, o que vai ser difícil. Como herói, é inútil procurar na política. Acho que vou ter que ficar com o Airton Sena mesmo. Acabou o jogo do Demóstenes. Manda vir a pizza.