Eu tenho dois princípios para servir a Deus e aos irmãos: humildade e qualidade. Mesmo sabendo que sou limitado nas minhas habilidades e pecador no comportamento, me esforço para conseguir os melhores resultados possíveis, sem fugir à responsabilidade de cada tarefa.
Hoje, o maior problema que enfrento refere-se à falta de tempo. Embora concordando que a pressa é inimiga da perfeição, os clientes exigem ‘um serviço rápido com garantia de qualidade’. Há muita incoerência nisso, mas é assim que vários consumidores de serviços se comportam, tenham ou não razão.
Para não me prejudicar na saúde, criei uma nova metodologia de trabalho: correr sorrindo. Já que não posso reduzir as inúmeras atividades de cada dia, por que não realizá-las com bom humor? Todos ganham com isso, principalmente eu! Então, quando surge um problema delicado ou sem solução, ao invés de ficar furioso, lamento sorrindo, dizendo algo mais ou menos assim: ‘Só me faltava essa!’
Logicamente que a oração e a esperança vêm acompanhando tudo aquilo que faço, portanto, quando não é a vontade de Deus que algo aconteça como eu desejaria, procuro compreender que não mereço receber um presente naquele momento e corro atrás do prejuízo, mas, como disse, sem estresse e palavrões, como nesta história:
Uma mulher em tratamento de quimioterapia acordou numa manhã, olhou no espelho e percebeu que tinha poucos fios de cabelo na cabeça.
– Bom – disse ela –, acho que vou trançar meus cabelos hoje.
Assim o fez e teve um dia maravilhoso.
Na semana seguinte, ela viu que tinha somente uns dez fios de cabelo.
– Hum, acho que vou repartir meu cabelo no meio agora.
Mais um dia se passou, ela olhou no espelho e percebeu que tinha apenas três cabelos!
– Bem, hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo.
E se divertiu com isso.
No dia seguinte, ela acordou, olhou no espelho e notou que não havia um único fio na cabeça.
– Yes! Não tenho que pentear meu cabelo hoje – falou sorrindo.
Agindo assim, a mulher ajudou muito na sua recuperação e não sofreu a todo instante pelo problema que lhe acometia.
Pois é, atitude é tudo! Vive mais quem é agradável com as pessoas, sabe perdoar, ama intensamente a família, não se apega somente às coisas materiais, age com simplicidade, tem um coração humilde, faz caridade e entrega sua vida a Deus. É difícil ser assim?
Concordo que jamais se desviar desse procedimento chega a ser anormal, mas quando penso nas consequências ruins que resultam das ações de um ser humano nervoso e injusto com o próximo, concluo que vale a pena ser bom, custe o que custar.
Veja a história de Bernadette, por exemplo, a jovem para quem apareceu a Virgem de Lourdes. Ela morreu aos 35 anos e seu corpo foi desenterrado três vezes num intervalo de 46 anos, devido ao processo de canonização, com a incrível surpresa que sempre estava intacto, apesar de seu rosário oxidado e o hábito úmido.
Para surpresa dos médicos que a desenterraram na primeira vez, tudo nela estava incorruptível; e continua assim, começando pelo fígado, que é o primeiro que se danifica, além dos dentes e das unhas. É algo extremamente sobrenatural!
Com tantos milagres acontecendo, não espere um sorriso para ser gentil. Não espere ser amado para amar. Não espere ficar sozinho para reconhecer o valor de um amigo. Não espere o melhor emprego para começar a trabalhar. Não espere ter muito para compartilhar um pouco. Não espere a queda para se lembrar do conselho. Não espere a dor para acreditar na oração. Não espere ter tempo para poder servir. Não espere a mágoa do outro para pedir perdão, nem espere a separação para se reconciliar. Não espere, porque você não sabe quanto tempo tem de vida.
E como eu também não sei, pauto minha vida em atitudes cristãs. Não basta humildade no coração, sorriso no rosto e oração de vez em quando, é preciso tomar iniciativas que me levem a resultados expressivos na evangelização e na caridade.
Como disse o Beato Frederico Ozanam: “A caridade deve voltar os olhos para frente, porque as misérias futuras são infinitas”.
Paulo R. Labegalini
Cursilhista e Ovisista. Vicentino em Itajubá. Engenheiro civil e professor doutor do Instituto Federal Sul de Minas (Pouso Alegre – MG).
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