Livros propõem que o leitor reflita sobre si mesmo, seus sentimentos e as diferenças entre as pessoas
Buillyng na escola não é novidade para ninguém, mas sua prática tem sido combatida como nunca, atualmente. Tema de programas de TV, longas reportagens de jornal e revista, blogs, campanhas na Internet e objeto de projetos escolares, o buillyng foi o que motivou a escritora Regina Rennó a esmiuçar o tema e transformá-lo em livros da coleção Ludo Ludens, da Editora do Brasil, escritos em parceria com a psicóloga Regina Otero Santos. Os livros “Apelido não tem Cola”, “Ninguém é Igual a Ninguém”, “Coração que Bate Sente” e “Você pode Escolher” também não são novos, assim como a prática do buillyng, mas estão mais atuais do que nunca. Regina conta que desenvolveu os livros baseada em sua própria vivência escolar.
“Quando lançamos a coleção, ninguém falava em buillyng. Pelo contrário, havia um certo silêncio em torno dos insultos e agressões entre crianças e adolescentes, especialmente nas escolas”, diz Regina Rennó. “Eu fui vítima de buillyng na infância e na adolescência e isso me motivou a fazer alguma coisa, no sentido de criar um espaço afetivo onde a criança pudesse se colocar, falar de suas dificuldades, seus medos etc”, completa a autora.
Regina Rennó conta que convidou uma amiga que era psicóloga e atendia crianças para fazer uma parceria e elaborar um material que a criança pudesse interagir. “Não foi difícil, pois tínhamos um mesmo interesse em ajudar as crianças a elevar a sua auto-estima”, diz.
Logo no início, as autoras perceberam, através da maratona de visitas às escolas onde os livros eram adotados, o quanto a coleção era importante e as muitas possibilidades de um trabalho sério, humano e, sobretudo, afetivo, que esses livros poderiam proporcionar aos seus leitores.
Ninguém é igual a ninguém, como o próprio título diz, fala das diferenças individuais. Apelido não tem Cola trabalha os apelidos, insultos e, como toda a coleção, enfoca as diferenças. Coração que bate sente explora os sentimentos individuais, a generosidade, a sensibilidade do olhar para o outro, e o livro Você pode Escolher abre espaço para a criança refletir e se expor em relação aos seus sentimentos.
Os livros têm sido adotados por muitas escolas em todo o país, sendo objeto de esenvolvimento de projetos pedagógicos. A leitura é interativa, à medida que há espaço para que os leitores escrevam sobre seus sentimentos, sobre suas reações. “É uma forma de provocar a busca pelo auto-conhecimento, uma arma poderosa contra o sofrimento nos casos de buillyng”, diz Regina Rennó.
HISTÓRIA REAL
Quando estava na primeira série do antigo curso primário, a professora de Regina Rennó contou uma história para a turma e pediu que os alunos escrevessem o que ela havia contado. “Eu escrevi uma história um pouco diferente da dela, porém usando o mesmo personagem. Ao ler a minha história, ela avançou sobre mim, me agrediu fisicamente e me chamou de burra. Todos os outros alunos olhavam para mim e eu me senti, naquele momento, humilhada e a própria burra”. A história ficou gravada, tanto que serviu para os livros, muitos anos depois.
Fonte: Livre Oficio