Amigas, não devemos temer as catástrofes, elas nunca serão nosso pior inimigo. Todos já sabem disso. Nosso pior inimigo é o homem, mais precisamente as mulheres, e mais precisamente uma mulher. Esta espécime humana em particular tem se revelado uma poderosa inimiga com comportamentos totalmente desvairados e totalmente inusitados e desconhecidos até então. Suspeitamos que tal comportamento possa contagiar mentalmente as outras de sua espécie, numa forma de histeria coletiva ou de massificação antibaratística. A História mostra que as piores armas não são a intimidação física, mas o aliciamento mental e moral. O comportamento neurótico feminino é o que devemos temer.
Há pouco tempo, uma de nossas mais queridas companheiras foi acuada e assassinada brutalmente com requintes de crueldade pelo marido da dita mulher desvairada. Ela própria só gritava loucamente como se gritos matassem, mas o marido, como é devotadamente apaixonado por ela, partiu em perseguição à nossa amiga, tão enfurecido como se fosse matar um dragão. Pois bem, no dia 05/02, a despeito de todos os informes para que nenhuma barata se metesse na casa daquela mulher ensandecida, a barata cujo nome optamos por tornar incógnito a pedido dela (da barata), estava se refestelando no escuro da noite se alimentando de restos de patê de berinjela que caíram no chão. Tudo parecia calmo e seguro até que a tal mulher subiu a acendeu as luzes. A barata incógnita correu rapidamente e se encolheu toda debaixo de um banco. Consciente de que os próximos minutos seriam os últimos de sua vida, entregou sua alma a Deus e revestiu-se de dignidade diante da morte inevitável.
Precisamente neste ponto do relato é que queremos enfatizar aspectos do comportamento psicótico da mulher: arregalou e revirou os olhos de forma apavorante, depois fez menção de descer correndo as escadas, mas estancou, trêmula e abobada, parecia procurar por algo que não encontrou, e em nenhum momento perdeu de vista nossa amiga. Depois optou por descer, contrariada talvez por saber que nossa barata pudesse se esconder. Voltou para cima e procurou novamente com os olhos esbugalhados de terror algo que parecia quem sabe ser a arma de que precisava. Nada encontrando, desceu correndo outra vez. Esta operação foi repetida inúmeras vezes até que se deu por vencida. Apagou as luzes, desceu, deixando nossa companheira viva e feliz. Esta, corajosamente desceu as escadas para ver o que tinha ocorrido. Percebeu que a mulher trancou-se num quarto não sem antes colocar vários panos de chão debaixo da porta para impedir que nossa brava companheira entrasse. No outro quarto dormia o marido, completamente bêbado tombado com duas garrafas de vinho. Conclusão: nossa barata foi salva pela bebedeira do marido. Mesmo após insistentes apelos da mulher, parece que o homem não conseguiu acordar.
Pedimos o máximo de cuidado. Não se fiem na sorte desta barata incógnita. Você poderá ser a próxima a morrer e de forma cruel, pois nem sempre o marido estará bêbado. Depois de estudar exaustivamente os anais de nossa raça e fazer incessantes investigações no caso das mulheres desvairadas, apontamos alguns itens que devem ser rigorosamente observados:
– olhos esbugalhados e tremor indicam alta probabilidade de atos insanos.
– evitem as loucas que têm maridos, a menos que estes estejam bêbados.
– gritos histéricos indicam total perda de qualquer atitude controlada. Fujam o mais rápido possível.
Não nos responsabilizamos por quaisquer mortes trágicas, antes lamentamos profundamente. Nunca vamos entender o motivo para tanto pavor.
Atenciosamente, Blattodea Voadora.