Com crescimento médio de 15% ao ano no consumo de azeites e, tendo se tornado o 5º maior importador mundial do produto com 44 mil toneladas em 2009, o Brasil inicia finalmente uma consistente trajetória na olivicultura com o pé direito em Maria da Fé, município de 15.000 habitantes, localizado no sul de Minas Gerais.
Através de relevantes pesquisas, a EPAMIG, instituição pertencente ao governo estadual, iniciou em 2005 um trabalho de difusão de técnicas de plantio e produção do fruto e seu precioso óleo.
É curioso saber que a chegada do primeiro pé de oliveira data de 1935, através de um português, que trouxe a planta em sua bagagem, por ocasião de uma simples visita.
Desde 1947 as atividades da EPAMIG se iniciaram e em 1955 registraram-se as primeiras pesquisas em olivicultura, cuja continuidade foi comprometida por seu alto custo e pouco incentivo.
A partir de 2005, tendo a frente como coordenador o Sr. Nilton Caetano de Oliveira, o NUTEAA (Núcleo Tecnológico de Azeitona e Azeite) tem incrementado suas pesquisas e em 2008 produziu o primeiro azeite extra virgem 100% brasileiro, um marco no agronegócio que apenas se inicia.
Com importantes dados sobre a área cultivada no mundo, o crescimento do consumo no país, índices de produtividade e metas bem estipuladas, essa importante instituição tem obtido o apoio necessário para a continuidade de suas pesquisas, desenvolvendo clones de inúmeras variedades, entre elas, Grappolo, Arbequina, Arbosano, Koroneiki, Ascolano, Picual e tendo obtido inclusive uma variedade de azeitona denominada MARIA DA FÉ.
Hoje já são 50 os municípios mineiros que possuem a olivicultura, todos designados pelas mesmas condições edafoclimáticas para o desenvolvimento da planta.
Se produziremos ou não um óleo extra virgem de qualidade, há um longo caminho a ser percorrido e, sem dúvida nenhuma, as pesquisas implementadas iniciaram a pavimentação dessa estrada.
São muitas as variáveis a serem consideradas, tendo em vista a preciosidade que esse nobre ingrediente traz potencialmente à mesa do consumidor. Gordura nutricionalmente rica em vitaminas e antioxidantes, o azeite extra virgem possui variedades de aroma e sabor tão grandes quanto o vinho, possuindo excelências que se harmonizam com as mais diversas preparações culinárias, das entradas às sobremesas.
O fato é que o Brasil está engatinhando e se mostra corajoso na expansão de suas fronteiras agrícolas, buscando soluções para a saturação das áreas cultiváveis no planeta, objetivando a otimização de processos e desafiando as inúmeras condições climáticas em constante mutação.
No ano de 2010, 1.000 litros de azeite extra virgem, com acidez de 0.39% foram produzidos na única unidade de produção (método contínuo) recentemente adquirida pela EPAMIG. De fabricação italiana, sua capacidade é de 100 lts/hora.
Ao visitar essa belíssima fazenda, em uma cidade vicejante de cultura e arte, entendemos um pouco mais do espírito desafiador do brasileiro que não recua diante dos obstáculos, ao contrário, parece fazer deles o moto contínuo de suas atividades e, como habitante de uma das mais belas províncias da Terra, procura fazer jus à natureza respondendo com determinação, afinco, muito trabalho e, sobretudo, fé. Maria da Fé, rumo à excelência!