É sempre uma alegria imensa receber convite para falar em Congressos e cursos de Cuidados Paliativos (CP) pelo Brasil.
Essas ocasiões são preciosas para mim. Seriam de qualquer forma, mas em Itajubá estou completamente sozinha na minha prática profissional, e isso não é nada bom. Sendo assim, eventos como esse são uma grande oportunidade de saber o que acontece com os amigos no mundo dos CP, embora eu me comunique diariamente com os profissionais do país e do mundo.
É assim que se formam redes de conhecimento e de apoio, e que se montam parcerias de trabalho e de compartilhamento.
Mas, além disso, essas são ocasiões em que me reabasteço de amor pela profissão e pelas pessoas. E sem a alma repleta de afetividade é impossível lidar com a dor e o sofrimento.
Como eu posso me deixar sensibilizar por um pedido de ajuda de um doente, se as minhas necessidades emocionais não estiverem satisfeitas?
Como posso mergulhar na tristeza de alguém, se tiver medo de não dar conta da minha própria tristeza?
Como posso aceitar conversar sobre as perdas do meu doente, se não tiver quem me alivie do fardo excessivo das minhas próprias perdas? E me alivia quem caminha ao meu lado, me ajudando a suportar-lhes o peso e compreender a lição preciosa que deixa aquilo que se perde.
Como posso suportar ouvir o meu doente falar de morte se não puder falar da minha própria com quem vai poder cuidar de mim com amor, estando longe ou perto?
Se não puder me sentir apoiada, amada, como vou mergulhar na dor do outro? Como encontrarei forças para ficar com o meu doente até a morte, para cuidar da família durante o luto, se não estiver repleta de vida e de amor?
É por isso que aceito o alimento pra alma sempre que me oferecem!