Em um momento em que a Terra entra num período de extinção em massa, um estudo divulgado na quarta-feira apresenta um novo motivo para se preservar a biodiversidade: ela é um “esfregão natural” e eficaz contra a poluição nos cursos d”água.
Ativistas ambientalistas há muito tempo alertam que a diminuição da biodiversidade resulta na perda de serviços ecológicos como a limpeza dos rios, controle de pragas e doenças e aumento da produtividade na pesca.
O estudo mais recente, publicado na revista científica “Nature”, mostra como isso funciona: os cursos d”água que contêm mais espécies têm água de melhor qualidade do que aqueles com menos espécies.
As espécies em questão são microorganismos, como as algas, que incorporam a seu corpo partículas de poluição. Quanto maior o número de tipos de algas, cada uma com um habitat minuciosamente diferente, melhor elas agem coletivamente na filtragem da poluição da água.
“Se mantivermos os rios em seu estado naturalmente diversificado, esses cursos d”água que amamos por sua recreação, beleza, pesca etc. terão o benefício tangencial de limpar nossa água para nós”, disse o autor do estudo, Bradley Cardinale, da Universidade do Michigan.
“Uma implicação [do estudo] é que, se nós deixarmos a natureza fazer suas coisas, não temos de correr para criar usinas muito caras de tratamento de água por todo o planeta”, afirmou Cardinale.
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Rios em miniatura
Para chegar a essas conclusões, Cardinale montou 150 modelos em miniatura de rios que espelhavam as condições variadas de cursos d”água nos Estados Unidos. Ele acrescentou de uma a oito variedades de algas e mediu o quanto os minirrios ficavam limpos.
A completa mistura das oito espécies de algas removeu nitrato dos rios 4,5 vezes mais rapidamente, em média, do que faria uma espécie única sozinha, constatou o estudo, financiado pela Fundação Nacional da Ciência.
Descobrir os benefícios da biodiversidade é importante porque os cientistas observam que a Terra entrará em um período de extinção em massa quando cerca de 75% ou mais da vida no planeta desaparecer para sempre.
Cardinale disse haver poucas dúvidas de que essa tendência, amplamente causada pela destruição dos locais onde as espécies vivem, já começou.
A taxa de extinção agora é de cem a mil vezes mais rápida do que o normal e de 30% a 50% das espécies poderão estar extintas até 2.100, disse Cardinale.
Fonte: FOLHA