Enquanto o nível mundial de fraude com cartões é de US$ 0,06 para cada US$ 100 transacionados em bandeira Visa, a média da América Latina é de US$ 0,05 para cada US$ 100. “Em 1992 o valor de fraude era o dobro”, diz Jacinto Cofiño, diretor executivo de Sistema de Risco de Pagamento da Visa Inc. América Latina e Caribe.
A companhia não abre dados por país, somente por região, mas na América Latina o Brasil é o principal responsável por esse resultado. Segundo Cofiño, o melhor desempenho da América Latina se deve à implementação de chip nos cartões, que diminuiu muito os números de clonagem de cartões. O Brasil é o segundo país em emissão de cartões com chip no mundo, só perdendo para a Inglaterra.
Na América Latina, são 100 milhões de cartões com a tecnologia. “Fechamos uma porta, mas os fraudadores procuram outras, como o comércio eletrônico”, observa o diretor. No mundo, o maior número de fraudes é de clonagem de cartões e a segunda de transações em que o cartão não é presente, como nas transações on-line.
No Brasil, porém, com a implementação do chip, em que as clonagens se reduzem quase a zero, a situação se inverte: o maior número de fraudes acontecem em transações sem a presença de cartão. “Nos últimos dois ou três anos a fraude mudou por conta do chip”, diz Cofiño. Os fraudadores passaram a obter os dados dos cartões para fazer transações e compras on-line, roubando a base de dados (de lojas, por exemplo) ou conseguindo as informações da tarja magnética no momento da transação. “Como no Brasil a maioria dos cartões têm chip, os fraudadores também clonam o cartão pela tarja e usam em países em que o chip é pouco utilizado”, explica o diretor da Visa. Jacinto diz que proteger o sistema de pagamento é uma responsabilidade compartilhada com os bancos emissores de cartões, os credenciadores, as lojas e os portadores. “A responsabilidade da Visa é a de que todos esses entes tenham toda a segurança da informação do pagamento”, diz.
Para tentar fechar mais essa janela, a indústria de cartões tem normas e processos para toda a cadeia do pagamento. Uma delas é o PCI, uma norma que os bancos e lojas têm de implementar para assegurar de que as informações do cliente referente a transação do cartão não será comprometida. Uma das ações é reduzir ao máximo a armazenagem de dados dos cartões na cadeia de pagamento.
Em setembro deste ano, por exemplo, termina o prazo para que as grandes varejistas (que realizam mais de seis milhões de transações por ano) não armazenem mais as informações das transações dos clientes. Em 2011, isso valerá para lojistas com entre um e seis milhões de transações anuais realizadas.
Outra ferramenta da Visa é o Advanced Authorization, que detecta instantaneamente uma possível fraude numa transação – um cartão emitido no Brasil sendo usado na Coreia do Sul, por exemplo – e cria indicadores de risco para as os instituições financeiras que emitem cartões, o que lhes permite aceitar ou recusar uma transação imediatamente.
Fonte: Brasil Econômico