São João Crisóstomo, doutor da Igreja, bispo de Antioquia e de Constantinopla no século IV, escreveu sobre os caminhos da conversão que conduzem ao Céu. O primeiro é a condenação das nossas faltas. Condenando os pecados cometidos, o Senhor sempre nos atenderá; e disse o santo: “Aquele que condena as suas faltas, tem a vantagem de recear tornar a cair nelas”.
O segundo caminho é dominar a nossa cólera para perdoar as ofensas dos nossos companheiros, porque é assim que obteremos o perdão do Mestre. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste perdoará a vós” (Mt 6,14).
O terceiro caminho da conversão é a oração fervorosa e perseverante do fundo do coração. O quarto é a esmola – ela tem uma força considerável e indizível. Em seguida, a humildade não é meio inferior para destruir os pecados pela raiz. Temos como prova disso o publicano que não podia proclamar as suas boas ações, mas que as substituiu pela oferta da sua humildade e entregou o pesado fardo das suas faltas (Lc 18,9).
Portanto, segundo João Crisóstomo, estes são os cinco caminhos de conversão: condenação das faltas, perdão das ofensas, oração, caridade e humildade. E completou-os, dizendo: “Não fiques inativo, mas, em cada dia, utiliza estes caminhos. São fáceis e não podes usar a tua miséria como desculpa”.
Com certeza, ele se inspirou na Bíblia para dar estes conselhos. E para testemunhar o valor do santo Livro, eis as palavras do padre vicentino Lucas de Almeida:
“A Sagrada Escritura é realmente sagrada. Seu autor é o próprio Deus, que se serviu de autores humanos, que respeitou neles os seus variados estilos e variados graus de cultura. É uma coleção de pequenos livros, mas infinitos no valor: 46 do Antigo Testamento e 27 do Novo. É o livro mais lido do mundo, o mais estudado e o que mais ricas lições têm para todos os homens – mesmo os que não pertencem à Igreja de Cristo nem ao povo judeu.
Até como valor literário, distribuído na beleza do Evangelho, na riqueza da oração dos Salmos, na profundidade dos ensinamentos dos Profetas, na doutrina dos sábios que escreveram os Livros Sapienciais, a Bíblia é simplesmente maravilhosa. O mais belo livro do mundo!
A Bíblia é Deus caminhando com a gente. Desde aqueles capítulos iniciais do Gênesis, que são na Bíblia uma espécie de pré-história – sem as características do rigor histórico e mais como meditação sobre a ação de Deus na criação do mundo – até o canto final do Apocalipse, cheio de mistério e de santidade, vamos acompanhando a ação de Deus a guiar o homem pelos caminhos da verdade e da justiça.
A começar de Abraão, lemos a maravilhosa história dos patriarcas, com os quais Deus fez sua primeira aliança, multiplicando-lhe a descendência como as estrelas do céu e como as areias do mar. Depois da escravidão do Egito, veio Moisés, com toda a maravilha do êxodo e da formação do Povo de Deus ao deserto, com a promulgação do Decálogo e a Aliança do Sinai.
Depois vieram os Juízes, os Reis, a divisão das doze tribos em dois reinos – Judá e Israel -, o exílio da Babilônia, a volta, a era dos Macabeus, até se chegar ao Novo Testamento. Em todo esse tempo, Deus está com seu povo. Admoestando-o e instruindo-o pelos profetas, suportando e perdoando sua prevaricação e levando-o sempre a uma nova esperança.
Com a chegada de Cristo, chegou o Evangelho e a Igreja. Dentro dela nasceram os livros do Novo Testamento. E aí está a Bíblia. Aberta generosamente na estante da história, ela continua a ser o caminho de Deus conosco, útil para instruir, refutar, corrigir, educar na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e qualificado para todas as boas obras, como escreveu São Paulo a seu discípulo Timóteo (2Tm 4,16).”
Pois é, mesmo que o Pe. Lucas passasse toda a sua vida explicando, não conseguiria retratar as maravilhas do Livro Sagrado. É tão magnífico que nele constatamos que quanto mais cometemos pecados, mais somos amados e temos a atenção de Deus. Ele se comunica conosco e nos chama à conversão.
E para correspondermos a esse Amor gratuito, devemos cumprir os nossos deveres cristãos, participando: da Eucaristia, da Confissão Sacramental e das práticas de piedade com os nossos irmãos. Tudo isso faz com que a tibieza não penetre em nosso coração e tome conta da nossa alma.
No livro ‘O Monge e o Executivo’, há esta bela lição: “o amor é o que o amor faz”. Lembre-se sempre disso e caminhe com passos firmes para a vida eterna.