Você sabe o que é Capacistismo?
Com certeza você é um (ou já foi) capacistista, assim como eu fui…Pouco mais de 12 anos, jamais passaria pela minha cabeça que um dia estaria falando sobre “síndrome de Down” (T21), deficiência intelectual e tão pouco inserido na causa da inclusão! E como não assumir que um dia eu também acreditava que uma pessoa com a T21 não poderia ser independente, e o pior, acreditava que ela não tinha capacidade de entendimento e que “não era normal”! (…Aqui abro um parêntese, e compartilho a minha experiência com o Dr. Zan – Médico Geneticista, o “Papa” em T21 e um dos médicos mais conceituados no mundo quando o assunto é a T21 – quando pela primeira vez levamos o Rafa em uma consulta com ele. Quando, eu, na minha falta de conhecimento, fiz o seguinte comentário: “Dr. se compararmos o Rafa com uma criança normal…”, nesse momento ele me interrompeu com a seguinte pergunta: “Olhe para o Rafa! Ele tem antenas? Ele tem rabinho? Então…por que você está comparando o Rafael com uma “criança normal”? Ele também é! Ele vai falar, ele vai correr, vai brincar, vai estudar…como qualquer outra criança! Ele é sim, uma criança atípica, mas nunca diga que ele não é normal.” Entendeu?).
Mas afinal, o que é o Capacitismo?
Pois então, hoje estou aprendendo a lidar com essa nova fase, com esse novo conceito que tem sido bastante divulgado, até porque, hoje a tecnologia e as mídias ajudam muito na troca de informações e conhecimento, porém é preciso saber entender e não sair acreditando em tudo o que é colocado ou mostrado sobre o Capacitismo (que aliás, é bem diferente de “Vitimismo”).
O Capacitismo é uma barreira no desenvolvimento e na inclusão de uma pessoa com deficiência, o que impede a sua participação no meio em que vive e na realização de sua capacidade e potencial. E este potencial, nas pessoas com a T21, pode ser desenvolvido se forem oferecidos: o amor, o estímulo e os incentivos necessários, assim como para qualquer pessoa típica.
Uma definição que gosto muito é da Lau Patrón*, que diz:
“O capacitismo é a ideia de que pessoas com deficiência são inferiores àquelas sem deficiência, tratadas como anormais, incapazes, em comparação com um referencial definido como perfeito”
Com esta definição, muitas vezes me faço as seguintes perguntas…
Será que apenas pessoas com alguma deficiência possuem limitações? Você, que se considera “normal”, não tem nenhuma limitação?
O que se entende por “referencial definido como perfeito” ou “normal”?
Você tem sonhos? Então…pessoas com deficiência também têm! E por que seria diferente? Eles não seriam capazes de alcançar seus sonhos?
Não devemos olhar as pessoas com algum tipo de deficiência com sentimento de pena, não devemos tratar eles como “coitadinhos” ou até mesmo como “café com leite “, não devemos criar estereótipos, mas sim temos que dar oportunidades e acreditar neles, pois o maior obstáculo para eles é o preconceito, que está nos olhos de quem os vê, o Capacitismo!
“A Síndrome de Down não nos define, nós não somos a deficiência. Todos nós somos pessoas e não podemos deixar que a condição genética ou características apareçam a frente.” Dudu do Cavaco
Eduardo Hideo Sato
Pai do Rafael Gomes Sato de 12 anos e que tem a T21
@t21arenapark
*Lau Patrón nasceu em Porto Alegre em 1988, metade uruguaia e metade brasileira. Trabalhou como produtora audiovisual e publicitária durante bons anos, antes de se tornar mãe do João Vicente, um menino corajoso portador de uma síndrome autoimune raríssima. Em 2015, criou a página Avante Leãozinho, onde divide suas reflexões sobre inclusão, além de acolher outras famílias. Sonha alto, odeia a palavra “superação”, e acredita apenas na mudança que passa pelo afeto.