“Prezados senhores, esta é a oitava carta de cobrança que recebo de Vossas Senhorias. Sei que não estou em dia com meus pagamentos, acontece que devo também em outras lojas e todas esperam que eu lhes pague. Contudo, meus rendimentos mensais só permitem que pague duas prestações no final de cada mês. As outras, ficam para o mês seguinte.
Estou ciente de que não sou injusto, daquele tipo que prefere pagar esta ou aquela empresa em detrimento das demais. Ocorre o seguinte: todo mês, quando recebo meu salário, escrevo o nome dos credores em pequenos pedaços de papel, que enrolo e coloco dentro de uma caixinha. Depois, retiro dois papéis, que são os sortudos que irão receber o meu dinheirinho suado. Os outros, paciência, ficam para o mês seguinte.
Afirmo aos senhores que sua empresa vem constando todos os meses da minha caixinha. Se não os paguei ainda, é porque estão com pouca sorte. Finalmente, faço-lhes uma advertência: se continuarem me enviando cartas de cobrança ameaçadoras, serei obrigado a excluir o nome de Vossas Senhorias dos meus sorteios mensais. Sem mais, obrigado.”
Como tem gente esperta, não? Aliás, o adjetivo seria outro, mas deixa pra lá.
Quem tem Deus no coração e segue uma religião séria – vivendo o Evangelho dia-a-dia -, não prejudica outras pessoas porque sabe que o pecado irá condenar eternamente sua alma. Eu diria que precisa até ser cara-de-pau de vez em quando, mas buscando o bem.
Quantas vezes eu já ‘calcei a cara’ e saí pelas ruas pedindo ajuda para alguma obra de caridade! Hoje, se precisar, volto a fazê-lo sem constrangimento, mas nem sempre foi assim. Precisei vencer a timidez e me convencer da minha missão. Uma regra básica para conseguir os recursos necessários para cada obra é esta: ‘se não foi esmola e tomou emprestado, devolva’. Infelizmente, nem todos pensam assim, como nesta história:
Quase todos os dias, a vizinha de dona Carla lhe pedia o moedor de carne emprestado – que não gostava de cedê-lo porque era presente de casamento e o conservava há 35 anos sem quebrar. Além disso, moedor como aquele nem existia mais, pois os modernos têm rosca frouxa, cabo que enrosca e manivela que gira em falso.
Tanto a vizinha o emprestou que ele mudou de casa, já que a ‘nova dona’ não se preocupava em devolver o utensílio após o uso. Então, quando dona Carla precisava moer suas carnes, tinha que pedi-lo à vizinha! E embora achasse a situação muito injusta, a proprietária do aparelho tinha alma boa e procurava viver em paz com a amiga.
Um dia, porém, dona Carla foi até a casa da vizinha dizer que precisava usar por uma hora o seu utensílio:
– Oi, querida, poderia me emprestar o moedor de carne agora à tarde? Prometo que lhe devolvo rapidinho.
– Sinto muito, Carla, mas hoje estou preparando uns croquetes para o jantar e vou usá-lo o dia todo. Eu gostaria de ter um moedor elétrico, que rende mais, mas vou quebrando o galho com este velho por enquanto.
Pois é, quanta gente cara-de-pau vive se aproveitando da boa vontade dos outros, não é mesmo? Mal sabem que temos uma missão na Terra e também precisamos atuar junto às pessoas que não creem. Ser cristão inclui ser enviado ao mundo como representante de Jesus Cristo. A missão de Jesus, agora é a nossa missão: anunciar a vida eterna!
Mas, um problema do cristão que se converteu há muito tempo é se esquecer de como é triste viver sem Cristo. Não importa o quanto as pessoas pareçam estar felizes e bem sucedidas, se não mudarem, estarão destinadas à separação eterna de Deus. E mesmo que você julgue precisar ser cara-de-pau para entrar na vida dos outros, vá em frente na evangelização porque os anjos do Céu o acompanharão.
Quem se isola, enterra seus dons e perde a oportunidade de dar e receber amor sincero. Lembre-se também da lição deste caso:
Havia uma pessoa que morava numa casa sem janelas e revestida de espelhos, inclusive o chão e o teto. Olhava sua imagem de vários ângulos dezenas de vezes ao dia e analisava: suas doenças, suas limitações físicas, seu baixo salário, sua infelicidade e outras mazelas.
Certa manhã, um espelho do quarto quebrou e, em substituição, foi colocada uma janela. Passando a olhar por ela de vez em quando, aquela pessoa egoísta foi percebendo que lá fora existiam muitas pessoas que choravam, que eram mais pobres que ela, que sofriam e que se ajudavam também.
Isso se tornou um verdadeiro tormento, porém, quando outro espelho quebrou e outra janela foi instalada, percebeu também que existiam outras pessoas diferentes daquelas que passavam pela janela da frente. Eram mais alegres e sempre paravam para conversar umas com as outras. Isso se repetiu com o tempo e outras janelas foram instaladas naquela casa.
Então, a pessoa que residia ali pode experimentar o sabor da felicidade, passando a conversar com muita gente e não enxergando somente os seus problemas. A cada gesto de caridade que praticava, dava mais valor à vida.