Para quem gosta de carros esportivos. Se à sua cabeça vieram apenas carros do tipo Bugattis, Ferraris, Lamborghinis, Corvettes, Porsches enfim, esportivos da 1ª linha, com mais de 450 cavalos, muita eletrônica e caríssimos, então esse texto definitivamente não é para você.
Há muito tempo os ingleses mostram que para ser esportivo o carro não precisa ser necessariamente muito potente, e cheio de equipamentos e ajuda eletrônica de todo tipo (claro que ajuda, mas não é a alma do negócio). O maior exemplo é a Lotus, que, ao contrario de todas as fabricas de automóveis, não mostra o que o seu carro pode fazer COM, mas o que ele pode fazer SEM. Carros sem qualquer item de conforto interno como ar condicionado, vidros elétricos, ou até som (todos opcionais), e apenas dois lugares! É isso que eles vendem. Mas o que eu vou fazer com um negócio desses? Não carrega ninguém, não é superpotente, e não tem itens de conforto….. só pode ser um popular, e dos ruins, já que populares geralmente carregam 5 pessoas.
Bom, a idéia não é exatamente essa ironizada acima. A chave é o peso. E a filosofia é: O que não entra no carro, não pesa. Dessa maneira um pequeno Lótus com um motor 1.8 de magros 118 cavalos, consegue atingir velocidade máxima de 202 km/h e ter aceleração de 0 a 100 km/h em 5,9seg! O segredo está no carro pesar apenas 700 kg, metade de uma F430. Esse peso foi conseguido principalmente devido ao desenvolvimento de um chassi super-resistente e leve feito de chapas de alumínio coladas. Nada que consiga acompanhar uma Ferrari em linha reta, já que apesar de ter metade do peso, não chega a ter metade da potência. Entretanto, conseguir mais cavalos de um motor de 1.8 litros não é difícil, mesmo aqui no Brasil, já que a Fiat tinha um de 132cv. E é exatamente o que a Lótus fez, arranjou motores Toyota também de 1.8 litros capazes de gerar 189cv (no Lótus Exige de 875 kg).
Apesar de não ser “uma bala” em linha reta, a Lótus sempre primou por fazer carros de bom comportamento em curvas, utilizando suspensões bem elaboradas e muito bem ajustadas ao chassi. Foi assim que foi concebido o esportivo mais popular da marca, o Lótus Seven. Nascido com suspensões bastante simples, e com o objetivo de ser um esportivo de preço razoável, possuía suspensões simples, com sistema de duplo A na dianteira e eixo rígido atrás, além de motores bastante modestos. Entretanto a chave para o desempenho ficava por conta do baixo peso do carro, o tornando o modesto motor adequado, e o carro ágil para fazer curvas.
Chamado hoje de Caterham Super Seven, ele é na verdade uma evolução do Lótus Super Seven. Apesar de ser uma evolução, por dentro ainda é o mesmo dois lugares, com um monte de tubos em volta, e uma carroceria presa a eles, isso define o que será encontrado dentro de um Super Seven, além é claro de volante, pedais, câmbio e instrumentos. Apenas o necessário para dirigir. Ar condicionado? Ventilador? Ajuste dos bancos? Carpetes? Teto? Para todas as perguntas, não. Visualmente, o carro lembra as famosas “baratinhas” que disputavam corridas antigamente. Com isso o peso total do carro fica em torno dos 500 kg! Assustador. Mais ainda quando o caso é a versão Superlight R400 que pesa exatamente 500 kg e arranca 210cv de um motor 2.0! Só para efeito de comparação a Ferrari F599 GTB tem 620cv e pesa 1690 kg. Faça as contas. Em contrapartida o Superlight não é exatamente aerodinâmico, e com o motor pequeno, o carro sofre cedo com problemas de arrasto, limitando sua velocidade máxima a apenas 225 km/h. Entretanto, com aceleração de 0 a 100 em 3.8 seg, ele não deve demorar muito para chegar lá.
Desde o modelo inicial desenhado por Colin Chapman, houveram muitas melhorias nesse carro, como a troca do eixo rígido por uma suspensão de eixo DeDion, que apesar de ainda ser um sistema dependente como o eixo rígido, permite mais algumas regulagens, e principalmente é mais leve o que conta muito no trabalho da suspensão. O motor também vem acompanhando a tecnologia e aumentando a potencia. Além de novas caixas de câmbio com 6 marchas e diferencial com deslizamento limitado.
Sem considerar a falta de “graça” do interior (o que para os entusiastas, não é realmente um problema) o menor peso não tem “contra-indicações” por causa do menor peso o carro tende a ter um comportamento superior em curvas já que os pneus não têm de lidar com um peso muito grande lateralmente (escreverei um texto sobre suspensão futuramente, o que espero que explique algo que possa estar confuso agora), além do que com menos peso significa que não preciso de muito combustível para mover o carro (desconsiderando aerodinâmica), o que significa menor emissão de poluentes, e mais dinheiro na conta.
Preço também é um fator muito importante. Por não possuir muitos itens, o Seven Superlight custa, na Inglaterra, em torno de 24 mil libras em sua versão de entrada (não o Superlight R400, ele é mais caro, mas não consegui encontrar o preço), é uma pechincha se pensarmos na performance oferecida.