Durante muito tempo pensava-se que os animais eram seres irracionais e até sem alma, porém sabemos hoje que isto não é verdade. Os animais são inteligentes e de certa forma também tem raciocínio, não como o homem mais com um tipo de inteligência biológica que até pouco tempo não tínhamos idéia. É desta inteligência que vamos falar agora, especificamente da inteligência biológica dos cavalos.
Por quarenta milhões de anos, evoluindo pelos mais variados tipos de climas e terrenos, os cavalos, além de adquirirem uma morfologia adaptada para correr, desenvolveram uma capacidade impressionante de tomar decisões e escolher o que fazer da forma mais simples. Foi assim que se espalharam pelo mundo habitando quase todo o globo terrestre, do deserto até a gelada Groenlândia. Mais é entre os homens que eles usaram sua inteligência e sua grande capacidade de adaptação. Ainda é um mistério como a presa mais veloz e esperta que jamais existiu se deixou conquistar pelo homem e ainda o auxiliou na formação de sua civilização. Entre muitas especulações podemos supor que foi por ser inteligente que ele permitiu esta simbiose. Ha oito mil anos, acompanhando as populações nômades das planícies da Ásia central, se aproveitavam dos alimentos deixados pelos pastores se deixavam levar por eles. Assim, com o tempo foram se aproximando e se deixaram montar e daí chegaram onde estão hoje, companheiros inseparáveis dos homens que lhes dá abrigo, alimentação e cuidados em troca de trabalho, que sempre é feito em simbiose, homem/cavalo, isto não parece uma atitude inteligente? E estando tanto tempo junto com os homens, os cavalos usando de sua inteligência, passaram a nos conhecer mais do que nós a eles. Eles sabem tudo dos homens como o humor de cada um, o que as atitudes querem dizer e podem até executar uma tarefa que foi pensada pelo cavaleiro mesmo antes dela ser pedida. Sim, o cavalo faz o que o cavaleiro esta pensando, desde que haja entendimento entre eles, é o que chamamos de sintonia fina que claro, não é bem uma forma de telepatia, são estímulos sutis e imperceptíveis do corpo do cavaleiro que é passado para o cavalo na velocidade do pensamento. Outro dia, treinando salto com um conjunto jovem e iniciante, o cavalo, um lusitano com 4 anos e a amazona com 9, pude observar que o cavalo, mais experiente que a amazona, abordou os obstáculos tentando acertar com erros que cometia. O obstáculo, uma vertical de 0,40m era inédito para o conjunto, por isso os três primeiros saltos o cavalo errou mais a cada salto ele calibrava a distância e o posicionamento dos membros até que acertou e não errou mais. Posso afirmar que não houve intervenção da amazona que ainda não tem experiência para calibrar o cavalo no salto, neste ponto foi o cavalo que tomou a atitude de saltar certo e com isso ensinou a amazona. Por isto os grandes conjuntos fazem coisas inacreditáveis, como saltar uma parede de dois metros e meio, atravessar uma corredeira, terminar uma prova de CCE e por aí vai. Esta simbiose entre estes dois seres inteligente só podia formar a criatura mais temida de todos os tempos, o HOMO-CABALUS, que até o final do século IXX, reinou absoluto.
Portanto, não devemos mais pensar no cavalo como um ser irracional, é evidente sua inteligência e também acredito que eles tem alma pois uma criatura tão fantástica, só pode ser um presente divino.