O SMC (Sistema Móvel Celular) chegou ao Brasil na primavera de 1989, atendendo poucas e seletas pessoas na cidade do Rio de Janeiro. O serviço era estatal e fornecido pela antiga Telerj-Celular. À época causou alvoroço na alta sociedade e o terminal custava, em média, módicos US$ 3 mil e uma espera de, no mínimo, dois anos! Muito diferente dos 190 milhões de terminais móveis registrados hoje em dia no País.
Os celulares de hoje pouco têm em comum com os velhos “tijolões” que chamavam a atenção imediatamente quando se via algum afortunado utilizando a maravilha tecnológica do final dos anos 1980. Naquela época, para este tipo de aparelho, o jargão Big is beautifull era muito comum, ou seja, quanto maior melhor. O mais impressionante é que naquele momento da história o telefone celular apenas permitia efetuar chamadas de voz!
Após a privatização do Sistema Telebrás, em meados de 1998, e com o advento das tecnologias digitais, houve uma mudança rápida e consistente com relação ao uso dos celulares. Hoje a utilização que se dá aos terminais móveis registrados no Brasil em nada se parece com o que viu naquela primavera de 1989.
As funcionalidades agregadas pelos celulares superam, e muito, as mais fantasiosas histórias de ficção científica dos anos 1960, onde nem o Capitão Kirk tão pouco seu oficial de ciências Spock poderiam acreditar que no início do século 21 seria possível enviar e receber mensagens eletrônicas (e-mail) quase que instantaneamente por meio de comunicadores portáteis que cabem em metade da palma da mão. Também não faziam ideia que seria possível, além das fotos e filmagem digitais, fazer vídeo chamadas em tempo real em telas de cristal líquido entre pessoas de qualquer lugar do planeta.
Mais do que isso, hoje temos a possibilidade de baixar músicas e jogos de entretenimento e acessar a rede mundial de computadores. Mas a grande onda que estamos vivenciando é o acesso aos sites de relacionamento e das comunidades virtuais em qualquer tempo e em qualquer lugar. Esta utilização se dá entre os mais jovens e, com isso, novas funcionalidades devem ser desenvolvidas para atender a este público. Acredito que nos próximos cinco anos será surpresa encontrar celulares tão finos como um filme plástico, flexíveis, a prova d’água e que se adaptem a partes do corpo humano como uma extensão natural dele.
Celulares dotados de inteligência artificial que detectarão o humor do seu dono, que executarão a monitoração de parâmetros biológicos (temperatura, pressão arterial etc) e enviarão automaticamente as informações ao celular de seu médico, caso necessário. Ter celulares em forma de pulseiras, brincos, relógios, canetas com funcionalidades que nem mesmo o mais visionário poderia idealizar está mais próximo do que a gente imagina.
* Marcelo Ribeiro Zanateli é professor do curso de Engenharia Elétrica do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana)
Fonte: Companhia de Imprensa