Você tem acompanhado o números dos que morrem pelo COVID-19 no Brasil desde a primeira vítima, o porteiro Manoel Freitas Pereira Filho (62 anos) em 16 de março, em São Paulo, leitor?
Você fica chocado com esse número?
Ou segue a vida, pensando “Bem, vão morrer alguns pelo vírus? Sim, vão morrer; mas não podemos entrar no campo da histeria”.*
Você sabe o que representam 100 000 mortos desde 16 de março de 2020?
Não vou me ater a comparar o Brasil com outros países, em número de mortes ou à velocidade dessas mortes. Isto é estatística, e estatísticas reduzem vidas a números.
Penso nas vidas que se apagaram. Penso nas pessoas que morreram que foram pais e mães e filhos e amigos que deixaram saudades.
Penso nas histórias de vida de cada um, únicas.
Penso no sonhos e nos projetos abortados. Penso nos pais que não viverão nunca mais o Dia dos Pais. Penso nas mães que serão pais também, e para sempre. Penso nos filhos, pequenos ou grandes, que nunca mais abraçarão os seus pais ou as suas mães. Penso nas crianças que se foram pelo vírus, e que deixaram os seus pais órfãos.
Penso no luto adiado, que não será vivido até que se possam fazer velórios e cerimônias decentes de sepultamento ou cremação.
Penso na dor profunda que esse luto adiado causa.
Penso no horror que é não ver, não tocar, não sentir o frio no corpo dos mortos e na alma dos vivos.
Mortos, são 100 000 (ou mais, é o que se diz); enlutados, perde-se a conta: Um milhão? Vinte milhões? Um país inteiro? O mundo todo? Todos nós, os seres humanos sensíveis e compassivos? Mesmo aqueles que não tenham uma perda pessoal a lamentar?
Na verdade, estamos todos em luto: pelas pessoas que se perderam, ou pelas omissões que vimos se multiplicarem. Deus tenha pena de todos nós!
*Fonte: undefined – iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2020-08-08/veja-cem-momentos-em-que-jair-bolsonaro-minimizou-a-covid-19.html