Dizem os velhos cansados da vida: “antes a morte me levasse que já me cansei de viver e não eles, os moços fortes e alegres.”
Dizem os pais: “antes tivesse sido eu, pois os pais e as mães sempre dariam a vida pelos filhos.”
Dizemos nós: “isso não é possível, isso não é verdade, é triste demais, é impiedosamente triste e doloroso!”
Queríamos que o tempo voltasse, que o tempo parasse, que ninguém viajasse, que tivéssemos o poder de voltar os ponteiros, de acertar a vida, de espantar a morte e a tragédia. Queríamos que tivesse sido apenas um pesadelo terrível desses em que a gente acorda e diz: “que bom, foi apenas um sonho mau.”
Queríamos que tudo não tivesse passado de um terrível engano, dessas notícias falsas e cruéis que espalham por aí na mídia. Ou então que nossos rapazes tivessem sobrevivido de alguma forma, todos eles, escondidos na mata, sem saber como sair, com fome e com sede, esgotados, mas vivos e fortes e alegres, com aqueles risos incríveis, com aquela vida toda pela frente, com aquela alegria esfuziante, com aquela esperança de vida e de vitória.
Qual o quê?
Ó Deus de mistérios insondáveis que nos dá a vida, que nos dá os filhos e permite que sejam levados assim de forma que não podemos compreender?
Então não foi um pesadelo? Nem notícia falsa e maldosa? Foi real, sim os males são reais e a dor sempre existe. Manuel bandeira também tinha razão quando disse “que a vida assim nos afeiçoa. Prende. Antes fosse toda fel! Que ao se mostrar às vezes boa, Ela requinta em ser cruel…” Tudo bem, tudo bem. Que a bola continue sempre rolando, que o gramado seja lá de um verde desses que olhos humanos jamais tenham visto, que os hurras e olés sejam tão vibrantes que nunca ouvidos humanos tenham escutado, que a luz sobre nossos chapecoenses seja tão intensa que seus dribles, defesas, ataques e passes sejam de um domínio virtuosíssimo, encantando os estádios celestiais.
Ah, que me perdoem os ateus, mas existe um céu onde as lágrimas serão enxugadas, e eu não vou perder este jogo por nada neste mundo.