Ouvi coisas do tipo: inovação já é coisa do passado; não me surpreenderá, um dia, trocarmos o pneu com o carro andando; nunca na história o ‘amanhã’ foi tão incerto etc. Com as dúvidas e as inseguranças manifestadas, cheguei à conclusão que ninguém consegue êxito na vida sem compartilhar conhecimento com seus parceiros.
Da mesma forma, precisamos, cada vez mais, nos unir na evangelização. Se o mundo globalizado nos permite obter temas bíblicos e aprender com reflexões diversas, necessitamos das pastorais para ações missionárias mais desafiadoras – pescar em águas profundas.
Jesus Cristo também escolheu doze aliados para sua caminhada pública. Depois de aderirem à causa dos fracos e entenderem as lições, os apóstolos continuaram a obra do Mestre, anunciando o Reino da Salvação. E os frutos vieram: novos adeptos a cada dia, grandes manifestações de amor ao próximo e orações ecoando pelos quatro cantos do mundo até os dias de hoje.
Individualmente, se o sujeito tiver crescido em espiritualidade, também pode contribuir na evangelização de ambientes: na família, com os amigos e no trabalho. Mas é preciso usar de bom senso para não se tornar chato. Eu reconheço que amadureci e não bato mais de frente com pessoas que não valorizam a partilha. Por exemplo, lembro do dia em que um amigo procurou-me para contar a viagem que fez com a esposa. Disse-me, eufórico:
– Rodamos a Europa e conhecemos lugares maravilhosos. Comemos muito bem e tiramos fotos de lugares inesquecíveis!
Meio desinteressado ao relato, fui logo cortando:
– Sobrou algum dinheiro para os pobres?
Bem, logicamente que o diálogo acabou e perdi um possível benfeitor das obras de caridade que participo. Reconheço que isto aconteceu na fase em que eu procurava não perder nenhuma oportunidade de evangelizar, mas, até para isso, é preciso critério e planejamento.
A verdade é que nem mesmo um padre aguenta alguém falando de Deus o dia todo! Certa vez, dei risada quando o Pe. Maristelo disse-me que todos o veem como sacerdote 24 horas por dia e só puxam assuntos relacionados à religião. Segundo ele, seria ótimo se, mais vezes, pudesse diversificar os temas e conversar como um cidadão comum. Eu acho que aprendi e, de vez em quando, falo de futebol, cultura e coisas da vida.
Mas, será que não colocar em prática a espiritualidade é pecado? Segundo a ‘parábola dos talentos’, enterrar os dons que Deus nos deu é motivo de condenação; então, estarmos revestidos com a graça do Espírito Santo a serviço da evangelização faz parte da nossa missão. A única condição necessária para isso é ter amor no coração para crescer na fé.
Nestas histórias, a falta de espiritualidade impede algumas pessoas de servir a Deus com alegria:
Certa noite, quando um policial passava em ronda por uma rua deserta, viu um menino atirando coisas na janela de uma casa. Abordado pelo militar, o garoto foi contido naquela sua ação intempestiva:
– Por que está fazendo isto? Não sabe que as pedras podem quebrar as vidraças?
– Não são pedras, não! Neste saco estão os pedaços de pão duro que a senhora desta casa me deu hoje para comer.
Com certeza, a mulher que entregou o pão ao menino apenas queria ficar livre dele e não enxergou Jesus Cristo faminto à sua frente.
Eis outro caso:
Três operários estavam trabalhando na obra de uma igreja quando um peregrino lhes perguntou o que estavam fazendo. O primeiro, disse que carregava pedras; o segundo, falou que ganhava o seu sustento; e o terceiro, disse emocionado que estava construindo a Casa de Deus, onde muitas pessoas buscariam a salvação.
Portanto, sempre teremos muitas oportunidades de servir o Senhor. E fazê-lo com amor agrada mais ao Pai e produz mais frutos. A ciência e a tecnologia também podem contribuir para isso, porque nos permitem usar conhecimentos e instrumentos inovadores na evangelização. Eu não tenho dúvidas que Jesus usaria microfones e computadores se vivesse hoje, em carne e osso no meio de nós.
Apenas uma lembrança neste mundo moderno: a Palavra de Deus continua a mesma há séculos, pode ser expressa mesmo de maneira simples e nunca ficará ultrapassada. Também na vida real, algumas soluções são simples e salvam vidas, como nesta piada:
Dois caçadores acordaram pela manhã, sem munição, e foram surpreendidos por um leão no acampamento. O primeiro saiu correndo enquanto o segundo agachou-se para colocar a bota. E o que correu disse ao outro:
– Você acha que calçando o sapato vai correr mais que o leão?
– Eu sei que não, mas espero correr mais que você!