As retiradas de dinheiro das cadernetas de poupança superaram os depósitos em R$ 1,301 bilhão, em maio, segundo dados do Banco Central (BC) divulgados segunda-feira (6).
Esse foi o segundo mês seguido de captação líquida negativa (saques maiores que depósitos). Em abril deste ano, o resultado negativo foi de R$ 1,762 bilhão. Em maio de 2010, os depósitos foram maiores que as retiradas (capitação líquida positiva) em R$ 2,120 bilhões.
No mês passado, os depósitos na poupança ficaram em R$ 107,404 bilhões, enquanto os saques somaram R$ 108,706 bilhões.
O saldo da poupança chegou a R$ 386,151 bilhões, em maio deste ano. O rendimento creditado no período somou R$ 2,079 bilhões.
Para o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Miguel de Oliveira, os maiores saques das cadernetas de poupança nos últimos meses podem ser explicados por dois motivos: o aumento da inflação e da taxa básica de juros, a Selic.
Oliveira lembra que a alta dos preços corrói o poder de compra da população. “A inflação maior afeta a renda das famílias. As pessoas estão gastando mais e sobra menos dinheiro para depositar na caderneta. Há ainda aqueles que precisam sacar o dinheiro para completar os recursos necessários para pagar as despesas”, avalia.
Além disso, de acordo com Oliveira, com a alta da taxa Selic ao longo deste ano, a caderneta de poupança perde atratividade na comparação com fundos de investimentos (recursos captados para obter ganhos financeiros por meio da aplicação em títulos e valores mobiliários). Os fundos aplicam dinheiro em títulos emitidos pelo governo, remunerados pela Selic, e em outros ativos.
Oliveira lembra, entretanto, que a vantagem da poupança está na simplicidade da aplicação, além de não ser cobrada taxa de administração e imposto de renda, diferentemente dos fundos de investimento.
O relatório de poupança do BC se baseia em dados do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) – que destina 65% dos recursos para financiamento imobiliário – e da poupança rural.
* A matéria foi ampliada // Edição: Lílian Beraldo
Fonte: Agência Brasil